Esta época do ano traz-me sempre à memória cheiros e cores, muitos da minha infância, mas também de toda a vida. O cheiro da marmelada acabada de fazer, o das primeiras chuvadas, a terra molhada, o das uvas vindimadas ou das castanhas nos assadores espalhados pela cidade… ou a recordação do cheirinho de Violetas que mulheres com cestas cheias de raminhos vendiam perto do mercado do bolhão.
A sensação gostosa do ar fresco pelas manhãs a bater na cara e que nos desperta os sentidos. Que bonito ver o rodopiar das folhas que as árvores despiram e com as quais o vento adora brincar.
A natureza que se transforma numa tela pintada de amarelo, laranja e vários tons de vermelho.
Os dias, na sua luz diurna, vão diminuindo, convidando a recolher a casa mais cedo.
A meio do outono surge para muitos o primeiro e talvez o maior encontro familiar do ano, o dia dos fiéis defuntos, usado por muitos que se deslocam ao longo do país para visitarem os seus entes queridos desaparecidos. É muitas vezes nesta ocasião que se encontram os familiares mais afastados que raramente se encontram ao longo do ano.
Muitos portugueses movem-se ao longo do país para se deslocarem aos cemitérios nesta reunião familiar ímpar, porque é à volta dos seus mortos, pelos entes que já partiram, mas que são os elos de união entre todos. Para alguns, o único elo que os une.
Fernanda Drummond
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