“Sem o pão não vivemos, mas também não vivemos só de pão”. Esta é uma frase que ouvi ontem dia 13 de Maio o cardeal Dom José Tolentino de Mendonça proferir.
De imediato veio-me à cabeça Odemira. Vai seguramente parecer estranho, mas na realidade assim foi. Lembrei-me dos imigrantes que por lá se encontram. Das condições horríveis em que estão instalados e que as televisões fizeram questão de mostrar pois, doutro modo, duvido que se viesse a conhecer tão dramática situação. Foram deixadas a descoberto gigantescas vulnerabilidades.
Para a maior dos imigrantes de Odemira, afinal a COVID 19 não terá sido uma coisa má. Se não fosse o surto, dificilmente a vida deles teria mudado num tão curto espaço de tempo.
Todo o ser humano necessita de pão, habitação, cuidados de saúde, proteção social, mas precisa também de proteção moral. Que vergonhosas eram as condições em que se encontravam os ditos imigrantes.
Quando há um contrato, em meu entender, deveriam ser estabelecidas condições de Ganha – Ganha e não de Ganha – Perde.
É lamentável que se continue a “explorar” as pessoas com maiores fragilidades, sejam quem forem, venham elas de onde vierem.
Para aqueles de que estamos a falar, já lhes terá bastado ter deixado para trás o seu país, a sua família, as suas raízes, o seu idioma. Vieram à aventura. Muitos deles, endividaram-se para poderem tentar uma vida melhor para si e para os seus.
Quantos terão confessado aos seus familiares as horrendas condições em que se encontravam? Quantos se terão lamentado realmente? Quero acreditar que se alguma vez falaram sobre este assunto, terá sido com os seus pares e nunca com quem está longe.
Qual será a razão pela qual quem contrata estas pessoas, não lhes dá as condições “mínimas” necessárias? Será que se algum dia decidissem emigrar gostariam de ver plasmadas nelas as condições que estão a oferecer aos seus colaboradores sazonais? Será que o lucro é para eles o único foco, não importando a que preço?
Se, como se diz, Deus potencia e confirma os nossos sonhos, então sonhemos GRANDE!
Comentários
Enviar um comentário