E é verdade.
Seria suposto que, com o decorrer dos anos, a saudade fosse diminuindo. A nossa dor fosse atenuando. E o esquecimento surgindo. Mas não.
A minha mãe faleceu há quarenta anos e o meu pai há doze. E eu, já sexagenária, sinto como se ainda estivesse jovem com eles ao meu lado. Tudo passa diante dos meus olhos como se fosse actual. Consigo reviver cada situação com eles ao pormenor.
Quando tenho algum problema, quando tomo uma decisão, quando fico indecisa face a qualquer imprevisto, penso sempre como é que eles me iriam ajudar.
E quando recordo a nossa vida em comum, nós os três - sou filha única - sempre juntos para todo o lado. Sempre em sintonia quanto a uma simples compra, a uma simples saída em passeio. Passeamos muito. Todos os fins de semana, umas vezes ao sábado outras ao domingo, lá íamos nós à descoberta de vilas ou cidades onde nunca tínhamos ido.
Os meus pais tinham como escolaridade simplesmente a quarta classe. A minha mãe era muito curiosa, lia muito, estava sempre actualizada. O meu pai nem tanto. Mas eles tinham tanta sabedoria que lhes permitia terem educação, equilíbrio, honestidade. Os valores que eles me passaram têm servido hoje para me guiar sempre pelo caminho do bem. E foi isso que eu transmiti sempre aos meus filhos.
Bem hajam meus queridos pais.
E. Soares
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