Quem nunca?
Quem nunca (infelizmente) passou por um sofrimento atroz de uma perda? Quando falo em perda, seja de algo demasiado preciso porque suporta um conjunto de memórias, seja por uma pessoa ou por um animal?
Perda… Morte… Sofrimento… Sentimento de impotência… Sentimento de perda… Tristeza profunda…
Quando perdemos alguém, familiar, amigo, colega de trabalho, dizemos sempre que não sabemos como vamos seguir em frente e viver do mesmo modo depois desta perda. A morte, em termos científicos, é tão somente o desligar do corpo, da matéria, do conjunto de células, órgãos e aparelhos. Mas seremos somente isto? Não. Somos alegrias, tristezas, percursos de vida, trabalhos, personalidades, “alma”… Em cada religião, a morte é encarada de modo diferente. Tendemos a crer que a vida surge após a morte. A vida do que chamamos alma ou espírito. Mas como é que isto acontece? Quantos de nós já ouvimos dizer: “és tal e qual a pessoa X!” Seremos nós os substitutos dos que já morreram? Seremos nós realmente um plano grande de algo superior a nós? As almas reencarnam? Ou há sempre renovação de almas? Algo que é usado uma vez e tem de ser substituído por outra alma? Não sei. Ninguém sabe. E é esta dúvida que nos mantém crentes num Ser superior e que coordena este sistema.
Quando perdemos um animal de companhia? Como encaramos esta perda? Infelizmente, já fui a funerais de humanos porque é inevitável não perder alguém ao longo da vida. Mas também já entrei em centros veterinários onde presenciei dores atrozes capazes de deitar por terra qualquer vontade de viver. Quem tem animais de estimação sabe que eles duram menos tempo que nós. Quem tem redes sociais já passou decerto por alguma frase típica: “eles duram menos porque já nasceram a saber amar e nós humanos demoramos toda a vida a aprender.” E não é que eles estão lá para nós incondicionalmente? Sejamos nós analfabetos ou doutores; ricos ou sem um tostão no bolso; feios ou bonitos. É esta incondicionalidade que nos fascina.
E quando desaparece algo nosso? Uma pessoa que se perde devido a não estar orientado no espaço e no tempo, um animal que foge porque sim, um objeto que nos é roubado e que possui uma alta carga sentimental… é nestas situações que os objetivos se alteram, as rotinas se alteram, o que consideramos prioridade deixa de ser e a forma como encaramos o mundo se altera.
Como viver depois da perda? Seguir em frente? Sofram, mas procurem ajuda se não conseguirem “dar a volta por cima”. Procurem ajuda de quem vos pode dar a mão nesse momento.
“Em nossas vidas, a mudança é inevitável. A perda é inevitável. A felicidade reside na nossa adaptabilidade em sobreviver a tudo de ruim.” Buda
mjsoares
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