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RESULTADO DUMA QUEDA... PARAGEM FORÇADA E OBRIGADA

BRAÇO DIREITO


Há títulos enganadores e este pode ser, sem dúvida, um deles.
Hoje estava calmamente a ver o meu Facebook e dou de caras, com uma publicidade aos relógios Cauny – “Um relógio Cauny, é a lembrança de que os seus pequenos prazeres importam, sempre no seu tempo”. Posso afirmar com segurança que nos anos 50 e 60 esta marca de relógios era das mais desejadas. Como eu sonhava ter um Cauny!
Ao completar a minha quarta classe (sim, era assim que era denominado o quarto ano de educação escolar) e, após concluir com êxito os meus exames de admissão ao liceu e à escola técnica, tive uma das maiores surpresas que, uma criança, como eu, poderia ter: É-me oferecido o meu primeiro relógio e não era um relógio qualquer. Era um Cauny e ainda por cima, automático. Relembro que naquela época os relógios automáticos eram um verdadeiro luxo. Eles trabalhavam sem ser necessário dar corda. Assim, não corríamos o risco do relógio parar, se nos esquecêssemos de dar corda ao relógio.
Lembro-me ainda hoje, passadas que estão quase 6 décadas, da emoção que senti. O tempo que demorei a reagir a tão linda surpresa. 
Perguntei se era mesmo para mim e se o poderia usar sempre. Foi-me dito que sim. Era meu e poderia usá-lo diariamente, ao contrário do que naquela altura era comum, com o uso de objetos de algum valor. Normalmente eram guardados para usar ao domingo, nas idas à missa, na visita aos avós, etc. etc. Estas são coisas que só os mais antigos conseguem valorizar… Hoje tudo se usa na hora e tudo se descarta, logo a seguir.
Após uma demorada observação do meu Cauny, eis que o coloco no meu braço direito. Não, não sou canhota. Tinha tanta, mas tanta vaidade naquele relógio, que optei por colocá-lo no meu braço direito para, na escola, e enquanto escrevia, poder levantar um pouco a manga da bata e mostrar “discretamente”, a todos os meus colegas, o relógio sensacional que estava a usar. Tinha mesmo muita vaidade no meu Cauny.
São memórias de outros tempos que só alguns conseguem valorizar. Vivia-se num tempo em que as coisas e pessoas não eram descartadas, com tanta facilidade, como presentemente.

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