Há uns anos, era eu fumador inveterado, fui vítima de um episódio cardíaco cujas consequências me têm acompanhado até hoje.
O episódio aconteceu em janeiro, quando eu estava a passar o fim de semana em Cristelo, ao acordar numa manhã de sábado com uma sensação de cansaço muito grande. Levantei-me e dirigi-me ao quarto de banho para esvaziar a bexiga, lavar os dentes e tomar o meu banho matinal. Após as duas primeiras tarefas sentei-me na sanita para recuperar forças a fim de executar a terceira.
Aí adveio uma vontade muito grande de voltar à cama para descansar mais um pouco e talvez voltar a adormecer. Levantei-me da sanita com esse intuito mas não cheguei à cama. No trajeto perdi os sentidos e caí sobre uma cadeira que estava no caminho entre o quarto de banho e a cama. Não sei o tempo que estive inconsciente pois a minha mulher, que já se tinha levantado e estava na cozinha a tratar do pequeno almoço, ao ouvir o estrondo provocado pela minha queda terá perguntado a razão do barulho e, como não obteve resposta, terá vindo observar o que se estava a passar.
Ao ver-me com o corpo deitado em cima da cadeira e sem sentidos ter-me-á colocado no chão e corrido para o telemóvel para pedir ajuda.
Faço um parêntesis para dizer que durante cerca de dois meses a minha mulher ficou com sequelas ao nível da coluna pelo esforço despendido.
Enquanto ela ligava para o 112 eu recuperei os sentidos, levantei-me e fui para a cama. Quando os bombeiros de Caminha chegaram, e posso afirmar que não terá demorado mais de um quarto de hora, já fui capaz, amparado pelos dois bombeiros, de ir pelo meu pé para a ambulância.
No hospital de Viana fui rapidamente atendido, passei a manhã em observação, fizeram-me uma colheita de sangue e deram-me duas aspirinas. O médico, um ucraniano que já se exprimia relativamente bem em português, fez o seu relatório que entreguei ao médico cardiologista no hospital de S. João no Porto.
Diagnóstico: fibrilhação auricular.
Convivo com esta doença desde essa altura e entretanto a fibrilhação auricular evoluiu para paroxística, ou seja, passou a ser permanente.
Tomo todos os dias um comprimido de tromalyt (o mesmo princípio da aspirina) e a medicação só será alterada quando atingir os 75 anos.
Para quem sofrer da mesma doença aqui fica o meu testemunho e acreditem que uma vida com algum exercício físico sem ser laboral ajuda bastante.
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