Os dias vão passando. A olho nu, não se
veem melhoras. Sei bem que tu continuas a fazer a tua parte, mas também te
sinto muito triste.
Não comunicas, estás sempre no teu mundo,
sentado no sofá, à espera que as horas passem.
O teu olhar não se fixa em nada por mais
do que uns segundos.
As horas das refeições são um autêntico
martírio. Eu, tento fazer o que me foi transmitido. Tu sentas-te à mesa, olhas
para a comida, mexes e remexes o que está no teu prato. Olhas para mim com um
olhar tão meigo e ingénuo, tal qual os bebés fazem para as mães no momento em
que já não querem comer mais. Esperam um consentimento. Quanto a ti, eu não te
posso dar esse consentimento. Tenho de insistir. Precisas de comer. Precisas de
repor energias e quanto mais tarde o fizeres, mais fragilizado ficas.
Voltamos ao início. Continuas a mexer na
comida e finalmente, por insistência, levas uma garfada à boca. Fico muito
feliz por ver que estás finalmente a iniciar a refeição mas, é “sol de pouca
dura”. Vejo-te a tentar mastigar e logo de seguida, pedes desculpa e deitas
fora o que tens na boca. Eu, desespero. Não sei mesmo o que fazer. Peço a Deus
que me ilumine e me dê a serenidade suficiente para toda esta situação que é
nova para mim.
Não sei bem como, mas neste momento o que
me vem à ideia é este texto lindíssimo , que apesar de ser muito conhecido
quero aqui transcrever:
Pegadas na
Areia
Uma noite eu tive um sonho…
Sonhei que andava a passear na praia com o
Senhor e no firmamento, passavam cenas da minha vida.
Após cada cena que passava, percebi que
ficavam dois pares de pegadas na areia: um era o meu e o outro era o do Senhor.
Quando a última cena da minha vida passou
diante de nós, olhei para trás, para as pegadas na areia e notei que muitas
vezes, no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia.
Notei também que isso aconteceu nos
momentos mais difíceis e angustiosos do meu viver. Isso aborreceu-me deveras e
perguntei então Senhor:
- Senhor tu disseste-me que uma vez que
resolvi seguir-te , tu andarias sempre comigo em todos os caminhos. Contudo
notei que durante as maiores tribulações do meu viver, havia apenas um
par de pegadas na areia. Não compreendo porque é que, nas horas em que eu mais
necessitava de Ti, tu me deixaste sozinho.
O Senhor, respondeu-me:
Meu querido filho, jamais te deixaria nas
horas da prova e do sofrimento. Quando viste na areia, apenas um par de
pegadas, eram as minhas. Foi exatamente aí que peguei em ti ao colo.
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