(continuação da publicação anterior)
Engolir, engolir, fazer com que as lágrimas não
cheguem a cair. Esse é o meu grande desafio nesta hora. Não posso demonstrar o
quão aflita estou. Tenho de dar coragem, tenho de sorrir, apesar da minha alma,
mais não fazer do que chorar.
Passam alguns dias e após variadíssimos exames
complementares de diagnóstico, ficámos a saber que não tens apenas um, mas sim
dois órgãos afetados por essa monstruosa doença.
Recebemos um telefonema e eis que outro momento de tensão,
se instala. Vais ter de te submeter a uma cirurgia, antes de iniciares os
tratamentos que te foram já prescritos.
Sinto que se está a lutar contra o tempo. Tu
pareces-me muito decidido. É preciso lutar, dizes tu.
Começaram os procedimentos inerentes à tua primeira
cirurgia. Eu, aqui me encontro, muito atenta a todo e qualquer pormenor. Nada
pode escapar. Tenho de estar à altura das tuas reais necessidades. Estudo, leio
muito sobre a tua doença. Não sei exatamente o que posso considerar verdadeiro
e o que posso considerar como falso. De qualquer forma, vou absorvendo o maior
número de informação possível. Tu, mostras-te confiante e decidido.
Hoje é domingo. Acabámos de almoçar e começamos a
fazer a tua mala para irmos daqui a pouco para o hospital.
Vais ser internado. Amanhã, ao início da tarde,
segundo nos informaram, irás ser intervencionado.
Chamamos um táxi e após alguns minutos de espera,
fomos informados que não havia nenhum táxi disponível àquela hora. Eu estava a
tremer. Estava muito ansiosa. Não queria levar o meu carro. Como era possível
não haver um táxi que nos levasse ao hospital.
Decidimos então que eu levaria o meu carro. Estava
com tanto receio e tanto nervosismo que, francamente, nem me lembro bem do percurso
até lá.
Agora estamos na sala de espera a aguardar que te
venham buscar para ficares internado.
Finalmente chamam pelo teu nome. Deixam-me
acompanhar-te. Instalam-te. Conversamos um pouco. Agora, gentilmente, pedem-me
que saia. Tenho mesmo de te deixar. Amanhã será a tua 1ª. Etapa.
(continua)
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