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Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2023

MERCEDES?

MOMENTOS DA VIDA

Há sempre um momento da nossa vida, que ela desaba. É cruel, é duro, é muito difícil de aguentar e que nos sentimos perdidos. Para mim esse momento chegou há 49 anos, o meu mundo desabou completamente. Nessa altura era uma jovem ainda, nem sequer vinte anos tinha, estava cheia de projetos, iniciava a faculdade, estava feliz e despreocupada, a vida corria sobre rodas para um rapariga da minha idade, não me faltava nada, tinha um namorado que gostava, tinha amigos, uma família que amava. Mas isso tudo desabou, quando a minha mãe me disse que tinha cancro, essa doença que tinha um prognóstico de morte, tão pouco falada, eu até nem me lembrava de ter conhecido alguém que a tivesse tido. Não desatei numa choradeira, logo ali em frente dela, pois não queria de maneira nenhuma que se apercebesse do que me ia na alma, apesar de hoje saber de me ter lido nos meus olhos, o que a boca não dizia, eles traem-me sempre. Já bastava, para ela, uma mulher jovem, o que devia estar a sentir, não tinha o

SEM VALORES

  A falta de noção, o desrespeito ou ingratidão são algumas das atitudes que me fazem cócegas aos nervos (para ser delicada…). Entendo a hierarquia, quer queiramos ou não, como algo necessário ao funcionamento da sociedade. E para que esse funcionamento seja positivo, quer o poder da hierarquia deve/tem de ser bem aplicado mas também os “meros” funcionários devem saber o lugar que ocupam.  Enervam-me os falsos sindicalismos e reivindicalismos, pois não podemos achar que somos bons funcionários só porque fazemos (ainda que por vezes, apenas no próprio entender) bem as nossas funções. Ser bom funcionário é mais do que isso, as funções qualquer um que seja bem preparado para o efeito as faz, mas a dedicação pela “casa” ou o respeito pelas pessoas, quer elas exerçam cargos inferiores, iguais ou superiores aos nossos é que fazem a diferença. Quando oiço referir-se a alguém que exerce um cargo de diretoria, e está direta ou indiretamente acima no âmbito profissional, de A VELHA, faz-me pensa

O MEU DIA DE ANOS

Nove de novembro, dia dos meus anos.  Para mim um dia igual a tantos outros, não fosse o carinho das mensagens, telefonemas e prendas dos que teimam em não cumprir com o meu pedido de não o fazerem. Todos os anos o repetem, porque estão seguros de que não cumprirei a ameaça de não os aceitar.  A este propósito, e com o objetivo de vos dispor bem, vou contar-vos um episódio, digno de uma comédia, vivido há alguns anos atrás, exatamente no dia dos meus anos, e fruto de uma prenda recebida de um grupo de amigas queridas. Nesse ano, as amigas mais chegadas decidiram acarinhar-me com um voucher de um salão de beleza local, que constava de uma “massagem aromática manual de relaxamento profundo”. Encantada com esta oferta, decidi desfrutar dela no mesmo dia. Se assim pensei, melhor o fiz. Dirigi-me ao salão de beleza, e após os cumprimentos iniciais, conduziram-me à sala onde me tratariam e eu sairia revigorada lá para o fim da tarde. Deitei-me na marquesa com as costas voltadas para cima, co

ILUSÃO

O tempo vai passando e a ilusão vai-se instalando, suavemente, passo a passo. Sempre quis acreditar que o diagnóstico estava errado. Nada era como a informação me chegava. Sempre meti na minha cabeça que todas as pessoas podem errar e como tal este seria mais um erro, desta vez com um final bem feliz. O tempo foi passando. Os tratamentos foram tendo lugar. A informação a conta gotas, foi chegando, mas ontem, o grande baque aconteceu. Sensivelmente 15 minutos depois de te terem chamado para a tua TAC, uma enorme tristeza se apoderou de mim. Não sei mesmo transmitir o que se estava passar. Não me conseguia concentrar em nada, nem em ninguém. Levantei-me e fui à casa de banho. Abri a torneira e coloquei os meus pulsos debaixo de água. Não sei dizer porquê, mas senti essa necessidade. Voltei ao meu lugar e esperei por ti. A tal sensação não se queria ir embora.  Passei os olhos pela televisão que estava ligada na sala de espera mas, de imediato, saíram do écran. Olhei à minha volta e não c