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A mostrar mensagens de maio, 2022

MERCEDES?

SONHO

  O céu estava azul, limpo e só se via uma nuvem, grande, branquinha, tal e qual um bocado de algodão.  E lá no meio do algodão estava ela, sentada, extasiada.  Porque podia olhar cá para baixo e ver que estava tudo calmo, tudo no seu devido lugar. Os países com as suas cidades bem ordenadas, limpas e organizadas. Os jardins bem tratados. Os lagos e os rios límpidos, até se vislumbravam os peixes lá bem no fundo,  alguns e outros vinham à superfície, davam um salto e mergulhavam. Ela estava perturbada com o silêncio que reinava à sua volta. Era demais tanto silêncio. Prestou atenção e afinal havia o suave piar dos pássaros. Prestou mais atenção e viu as pessoas, cada uma delas dedicada aos seus afazeres. Empregos, compras, desporto, passeios nos jardins, idas ao cinema, animais a passear, pessoas a namorar. Tudo organizado, tudo em paz, tudo a correr bem qualquer que fosse o país.  Pessoas felizes nas suas rotinas.  Mesmo os menos abastados viviam tranquilos, sem medo.  Tudo em plena s

NINGUÉM ENTENDE

  Todos os dias vou assistindo e prestando atenção às informações sobre a nova vaga de Covid 19 que, com a guerra da Ucrânia em pano de fundo, vão passando despercebidas. Chegam instruções da Direcção Geral de Saúde. Chegam indicações do Ministério da Saúde. Chegam os comentários por parte dos médicos de Saúde Pública. Chega o levantamento de restrições por parte do nosso Governo e chegam finalmente, números altíssimos de pessoas contagiadas e de pessoas reinfectadas. As máscaras deixam de ser obrigatórias, com pequeníssimas excepções.  Os testes deixam de ser gratuitos nas farmácias e as urgências dos hospitais centrais estão a abarrotar com as pessoas que sentem alguns sintomas provocados pela Covid 19 e aí se dirigem, no sentido de serem testadas a custo zero e medicadas de imediato. Ouço e compreendo os apelos dos médicos dos referidos hospitais pedindo para que não inundem as urgências, deixando assim esses locais para casos realmente urgentes e graves. Não posso criticar quem aí

A NORMALIZAÇÃO DA GUERRA

  Estamos a 24 de fevereiro de 2022. Televisões e rádios noticiam que aconteceu exatamente aquilo que duvidava que viesse a ser uma realidade: a Rússia invadiu a Ucrânia. Nos dias que se seguiram, sucederam-se a toda a hora diretos desse país sobre o qual, confesso, não sabia muito. As imagens que fui vendo, deixavam-me com os olhos presos ao écran da televisão, perplexa, horrorizada e muitas vezes imaginando o que faria se visse algum dos meus familiares que tanto amo, num daqueles cenários de destruição e medo. Senti-me solidária com um homem a quem nunca tinha prestado muita atenção, e que se chama Volodymyr Zelensky, e sofri com ele de cada vez que percebi nas suas palavras a tristeza por ver o seu povo massacrado por outros que talvez nem percebam muito bem porque o fazem. Tenho sofrido com os milhões de ucranianos que tiveram de fugir para outros países, levando pela mão filhos pequeninos, sem lhes poderem prometer nada para além da garantia do imenso amor que lhes têm. Sofri ao

O BIG BROTHER

  Pois é, à primeira vista estarei a falar do programa de televisão que vai preenchendo os serões dos domingos.  Sim, esse grupo de pessoas que se concentraram dentro de uma casa e que são comandados por uma voz (sem imagem) e que têm que realizar tarefas para obterem as coisas mais simples como papel higiénico.  Assim sendo, todos nós “vivemos” numa casa que, apesar de podermos facilmente aceder ao exterior e a toda e qualquer informação, é também um “Big Brother”.  Temos que cumprir tarefas para podermos obter certos bens (trabalhar); temos uma voz (interna) que nos vai comandando no nosso dia-a-dia; temos também um objetivo de jogo (convívio saudável com os outros) e temos um prémio (sermos felizes).  Quantos de nós já tivemos noção das pesquisas de um artigo numa página qualquer da internet e de seguida, vão aparecendo “sites” onde existem esses mesmos artigos ou semelhantes? Aqui está outro Big Brother – que tudo vê e que tudo sabe!   Este texto prende-se com a consciência que cad

SOBRE SER MÃE

  Muito se diz sobre ser mãe, esse papel maior. Muito se escrutina sobre a importância, competências, postura e até direitos de uma mãe. Mas ninguém consegue de facto descrever de forma fidedigna o significado de ser MÃE. Pois pode traduzir tudo, mas cada qual tem um tudo que é diferente…tal é a dimensão que lhe damos. Eu antes de ser mãe, já conhecia o que era ter uma, incondicional. Depois, profissionalmente comecei a lidar com as mães das minhas crianças (todas diferentes e com o seu zelo próprio). Muitas vezes esses seres tão pequeninos nos espelham o que vêm e sentem pelas suas mães, só a simplicidade de um discurso tão genuíno traduz a verdade de uma denominação tão grandiosa. Chamam-lhe vida, amor, e não é preciso mais.  Com todas me inspiro e retenho de cada uma aquilo que mais me toca. Vou-me construindo enquanto mãe porque só depois de me ter sido dada a bênção de o ser, pude constatar o verdadeiro desafio desta missão.  Obrigada filha… Obrigada mãe… O.C.