Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2020

MERCEDES?

EUTANÁSIA

No passado dia 20 de Fevereiro,  foram aprovados na Assembleia da República cinco projetos de lei em que a eutanásia é despenalizada. O que estes projetos pretendem é não penalizar os profissionais de saúde que participem na morte medicamente assistida de alguém que solicite, mediante certas condições, a sua própria morte. Eu sou um doente oncológico e, portanto, sinto-me como sendo alguém que pode  desejar, mais ano menos ano, morrer por não conseguir suportar a dor física ou outra qualquer dor que a doença me aporte. Sim, eu sou um interessado direto na aprovação destes projetos. Não compreendo todos aqueles que, sendo saudáveis ou jovens, se opuseram à sua aprovação. Não eram interessados diretos. No meio desta magna questão intriga-me a posição de algumas instituições. Em primeiro lugar a posição da igreja católica. Sei que as outras religiões professam o mesmo dogma, mas como sou católico vou-me debruçar sobre a minha igreja. Quando a vida humana foi considerada invio

BRAÇO DIREITO

Há títulos enganadores e este pode ser, sem dúvida, um deles. Hoje estava calmamente a ver o meu Facebook e dou de caras, com uma publicidade aos relógios Cauny – “Um relógio Cauny, é a lembrança de que os seus pequenos prazeres importam, sempre no seu tempo”. Posso afirmar com segurança que nos anos 50 e 60 esta marca de relógios era das mais desejadas. Como eu sonhava ter um Cauny! Ao completar a minha quarta classe (sim, era assim que era denominado o quarto ano de educação escolar) e, após concluir com êxito os meus exames de admissão ao liceu e à escola técnica, tive uma das maiores surpresas que, uma criança, como eu, poderia ter: É-me oferecido o meu primeiro relógio e não era um relógio qualquer. Era um Cauny e ainda por cima, automático. Relembro que naquela época os relógios automáticos eram um verdadeiro luxo. Eles trabalhavam sem ser necessário dar corda. Assim, não corríamos o risco do relógio parar, se nos esquecêssemos de dar corda ao relógio. Lembro-me ainda

VIVER COM CANCRO (2)

Como vos disse no meu último testemunho o cancro no reto tinha que ser extirpado através de cirurgia. Como tinha cerca de 29 mm o grupo médico que me segue resolveu que eu me sujeitasse a radioterapia para o tornar menor antes da cirurgia. Como disse, este tratamento durou cinco semanas (de segunda a sexta-feira) e foi complementado com capecitabina para potenciar o tratamento radioterapêutico. No início não custou nada mas com o acumular dos tratamentos tornou-se tormentoso. Vómitos, falta de apetite e diarreia eram uma constante. Este tratamento terminou em 14 de junho. Voltei a fazer mais 4 semanas só com capecitabina, de meados de julho a meados de agosto.  No final de agosto fiz a avaliação do tamanho do carcinoma e tinha reduzido para 22 mm. Aí foi agendada a cirurgia para o início de setembro. O cirurgião teve uma conversa comigo e explicou em que consistiria a intervenção. Iria cortar a parte do intestino “doente”, desviar as fezes para um orifício (estoma) no abdómen pa

VIVER COM CANCRO

Após a deteção de dois cancros, na bexiga e no reto, começou a minha saga para o tratamento dos mesmos.  Assim, em abril de 2019, fui operado à bexiga. Intervenção por laparoscopia o que constitui um avanço fantástico em relação ao antigo método do “corta, repara, fecha e cose”. Na laparoscopia ficamos sem nenhum sinal exterior de uma cirurgia, pois tudo se processa através da uretra. Fui algaliado e os micro instrumentos bem como uma micro câmara de filmar foram introduzidos na bexiga através da algália.  O cirurgião vai manuseando os instrumentos e acompanhando estes movimentos através da micro câmara. Assim ele corta, raspa e executa todas as tarefas inerentes à cirurgia.  Fui intervencionado de manhã, tendo sido levado para o bloco operatório às 07H00. À tarde, estando eu já bem acordado e na minha enfermaria, a enfermeira introduziu através da algália um produto químico pedindo-me que o aguentasse o máximo tempo possível e que o ideal seriam duas horas. Confesso que fo