Avançar para o conteúdo principal

MERCEDES?

VIVER COM CANCRO


Após a deteção de dois cancros, na bexiga e no reto, começou a minha saga para o tratamento dos mesmos. 
Assim, em abril de 2019, fui operado à bexiga. Intervenção por laparoscopia o que constitui um avanço fantástico em relação ao antigo método do “corta, repara, fecha e cose”. Na laparoscopia ficamos sem nenhum sinal exterior de uma cirurgia, pois tudo se processa através da uretra. Fui algaliado e os micro instrumentos bem como uma micro câmara de filmar foram introduzidos na bexiga através da algália. 
O cirurgião vai manuseando os instrumentos e acompanhando estes movimentos através da micro câmara. Assim ele corta, raspa e executa todas as tarefas inerentes à cirurgia. 
Fui intervencionado de manhã, tendo sido levado para o bloco operatório às 07H00.
À tarde, estando eu já bem acordado e na minha enfermaria, a enfermeira introduziu através da algália um produto químico pedindo-me que o aguentasse o máximo tempo possível e que o ideal seriam duas horas. Confesso que foi bastante doloroso e que o máximo que consegui foi aguentar uma hora. Não imaginam o alívio que senti quando a enfermeira abriu o torniquete da algália para sair o dito produto químico.
No dia seguinte informaram-me que eu estava a recuperar bem e que me iriam tirar a algália. Confesso que a algália é bem incomodativa e foi com evidente satisfação que me vi livre daquele incómodo. 
Três dias após ter dado entrada no hospital S. João recebi a alta médica. No início de Agosto fiz uma cistoscopia. Consiste na introdução na uretra de uma micro câmara que percorre a bexiga. Não tinha vestígios de malignidade pelo que está marcada para Junho de 2020 nova avaliação.
Entretanto era necessário tratar do carcinoma no reto. O grupo médico que decide as ações a tomar determinou que iria submeter-me a radioterapia (diariamente durante 5 semanas e complementada com capecitabina. Este é um químico ingerido por via oral e que serve para potenciar a radioterapia). Comecei em 13 de maio. 
Que este meu testemunho sirva para auxiliar outros pacientes, familiares e cuidadores de doentes oncológicos.
Oportunamente voltarei ao tema.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O MEU DIA DE ANOS

Nove de novembro, dia dos meus anos.  Para mim um dia igual a tantos outros, não fosse o carinho das mensagens, telefonemas e prendas dos que teimam em não cumprir com o meu pedido de não o fazerem. Todos os anos o repetem, porque estão seguros de que não cumprirei a ameaça de não os aceitar.  A este propósito, e com o objetivo de vos dispor bem, vou contar-vos um episódio, digno de uma comédia, vivido há alguns anos atrás, exatamente no dia dos meus anos, e fruto de uma prenda recebida de um grupo de amigas queridas. Nesse ano, as amigas mais chegadas decidiram acarinhar-me com um voucher de um salão de beleza local, que constava de uma “massagem aromática manual de relaxamento profundo”. Encantada com esta oferta, decidi desfrutar dela no mesmo dia. Se assim pensei, melhor o fiz. Dirigi-me ao salão de beleza, e após os cumprimentos iniciais, conduziram-me à sala onde me tratariam e eu sairia revigorada lá para o fim da tarde. Deitei-me na marquesa com as costas voltadas para cima, co

QUANDO PERCEBES QUE NÃO HÁ VOLTA A DAR

 “A Sra. é tal e qual a minha avozinha. Ela não sai de casa sem os seus adereços. É uma querida, mas muito vaidosa”. É com esta frase que uma jovem técnica me presenteia, enquanto aguarda que eu conclua a tarefa desesperada de tirar os brincos e o colar, cujo fecho teima em não abrir. Eu, a paciente que irá fazer uma radiografia dentária. Ela, a técnica que a fará. Eu, uma mulher madura de 66 anos, convencida, até àquela hora, que em nada os aparentava. Ela uma jovem radiante nos seus 20 e poucos anos de idade. Avozinha? Eu, avozinha e mais ainda, vaidosa…   Reparem que não me comparou à sua avó. Fê-lo em relação à sua avozinha, o que para mim corresponde a bisavó.  Não faço qualquer comentário, mas lembro-me imediatamente do que brinquei com a minha amiga Fernanda, mais velha que eu 3 anos, quando me contou que, após completar os 65 anos de idade, tinha ido comprar o passe mensal para o comboio, e ao querer entregar o cartão de cidadão ao funcionário que a atendia, para que fizesse pr

EU E OS MEUS TÉNIS PARA QUASE TODAS AS OCASIÕES

  Preciso de uns ténis para todas as ocasiões, ou quase todas, é um pensamento que me ocorre, especialmente quando, por não os ter, tenho de usar sapatos de salto, que me fazem sofrer horrores nas ocasiões que a isso obrigam. Tenho ténis de várias formas e cores, mas faltam-me os tais. Aqueles que vês nas páginas de publicidade das revistas de moda, e que pensas que, um dia, se puderes, os vais comprar. É então que na minha última viagem a Lisboa, passo por uma sapataria, e vejo em destaque, exatamente os ténis com que venho a sonhar desde há muito. Paro de imediato, e procuro ler o preço que está num talão muito pequenino, como que meio envergonhado, junto do artigo pelo qual já me apaixonei. Por este preço nem pensar, só se estivesse doida, penso eu, e sigo em frente, apesar de a algum custo. Nos dias seguintes e porque o trajeto me faz passar diariamente pela mesma sapataria, vou vendo que eles continuam no mesmo sítio. Lindos de morrer… penso eu todos os dias. Mas, por aquele preço