No passado dia 20 de Fevereiro, foram aprovados na Assembleia da República cinco projetos de lei em que a eutanásia é despenalizada. O que estes projetos pretendem é não penalizar os profissionais de saúde que participem na morte medicamente assistida de alguém que solicite, mediante certas condições, a sua própria morte.
Eu sou um doente oncológico e, portanto, sinto-me como sendo alguém que pode desejar, mais ano menos ano, morrer por não conseguir suportar a dor física ou outra qualquer dor que a doença me aporte.
Sim, eu sou um interessado direto na aprovação destes projetos. Não compreendo todos aqueles que, sendo saudáveis ou jovens, se opuseram à sua aprovação. Não eram interessados diretos.
No meio desta magna questão intriga-me a posição de algumas instituições.
Em primeiro lugar a posição da igreja católica. Sei que as outras religiões professam o mesmo dogma, mas como sou católico vou-me debruçar sobre a minha igreja. Quando a vida humana foi considerada inviolável os tempos eram outros, a violência era imensa, e a própria igreja arrogava-se o direito de queimar seres humanos nas fogueiras da inquisição. Acusados de bruxaria ou sob outro pretexto eram mortos pela igreja.
Nesse tempo, como nos dias de hoje aliás, fazia e faz todo o sentido manifestar respeito pela vida humana. Mas a vida humana começa na gestação do ser humano e termina na sua morte. Cada um deve viver a vida como lhe aprouver, mas sempre com o respeito devido à sociedade. Viver a vida como cada um de nós quer inclui suportar uma dor imensa ou entender que tal não se justifica.
Podemos acreditar na vida após morte ou crer que a morte é o ponto final da nossa existência. A Igreja não deve movimentar o seu imenso poderio em favor de uma causa que divide os católicos.
Outra instituição é a ordem dos médicos. Usam o juramento de Hipócrates como um escudo contra a morte medicamente assistida. Também esta instituição usa toda a sua força contra a eutanásia. Os médicos são os profissionais de saúde que mais se apercebem da insuportabilidade de certas situações terminais e sofrem com a sua impotência em ajudar os seus doentes. A posição da sua cúpula é a posição da Igreja.
Outros interessados em manter a situação atual são os hospitais privados. Aqui penso que por motivos meramente comerciais.
Termino enviando os meus parabéns aos deputados da minha nação pela opção que maioritariamente tomaram.
Bem hajam.
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ResponderEliminarHá mais dum ano iniciámos este nosso blogue, tendo como princípio fulcral, dar voz a quem nos segue, independentemente da sua opinião e sem fazermos juízos de valor.
Nesse sentido, hoje mesmo plasmamos aqui mais um texto, dum nosso seguidor, que de alguma forma, poderá ser controverso mas que, concordando ou não, aqui estamos a publicá-lo.