O dia de Sto. António já lá vai, mas ainda estão para vir S. João e S. Pedro.
Desde que me lembro de existir como pessoa, que adoro a noite de S. João; relembro ano após ano o arraial familiar na casa da minha avó materna e o cheirinho do cabrito assado no almoço dia 24 ( por muito que me esforce não consigo fazer o assado como ele fazia)!!
Já na idade adulta a noite de S. João levou contornos de namoro com aquele eu viria a ser o meu marido, companheiro de 37 anos de vida e mesmo depois da sua partida, continuo a recordar aquela noite de 1982 como a melhor da minha vida.
Mas as bênçãos dos Santos Populares não foram só para mim, pois a minha filha casou no dia de Sto. António, o que nos torna de facto uma família abençoada pelos ditos santos.
A vida tem várias fases e cada uma delas o seu melhor sabor, mas sem dúvida que para mim a fase de ser avó tem sido a que mais prazer me tem dado, pois permitiu-me regressar a minha infância, reviver todo o sabor que me trouxe e poder tornar a transmitir ( já o tinha feito quando fui mãe) os valores e ideais daquela altura, a felicidade da vida simples e enriquecida com poucas coisas.
Um desses valores é a cascata, onde pequenas figuras de barro pintadas em cores garridas contam histórias doutros tempos e doutras vidas.
Todos os anos ( já lá vão 15), desde que nasceu a primeira neta, que faço a cascata.
Uso as imagens que tenho da obra cuidada que o meu pai fazia, da disposição de cada peça, mas fico longe da imensa aldeia eu tinha no quintal de casa, onde nem faltava o riacho, com água sempre corrente; nunca consegui descobrir como se fazia tamanha proeza, mas a água não parava de correr cascata abaixo e era sempre a mesma, não se desperdiçava.
O arraial doméstico continua a fazer-se, com família e amigos alguns dos quais nunca viram tal acontecimento e no lançar do balão a criançada fica de olhos brilhantes a olhar para céu, a ver o balão subir e a perguntar como isso acontece.
E eu volto a ser criança...
Cristina Pestana
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