A dor de perder um filho deve ser enorme e avassaladora e não é algo que vai passando com o tempo, digo isso porque eu tinha três irmãos e o mais velho, o Carlos, morreu novo. Eu sei, e os meus irmãos também, que a minha mãe nunca deixou de pensar e de falar dele. Nós brincávamos com ela e dizíamos que gostava mais dele do que de nós, mas era a dor profunda e saudade que a fazia recordá-lo. O meu pai nunca falava, mas acredito que sentisse à sua maneira.
O meu tio João morreu novo, com 19 anos, o meu avô não gostava que ele jogasse futebol e, no dia que o pai o foi ver a jogar, morreu em campo, com uma bolada no peito, isso abalou os meus avós para sempre.
O filho dos meus primos.
Tenho amigos que sofrem a mesma dor de terem perdido um filho.
Nem consigo imaginar essa dor.
A morte só dói por aqueles que amamos, mas a dor dos outros só nos toca quando já a vivenciamos e sabemos o que dói, nos outros é medo e não dor o que sentem, medo que lhes possa acontecer o mesmo.
A verdade é que apesar de sabermos que não vamos ficar cá, a morte, seja em que idade for, dói profundamente quando vemos alguém que se ama partir.
Fernanda Drummond

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