Chegamos a Dezembro, mês da maior tradição em todo o mundo ocidental: o Natal.
É este o meu mote de hoje: a tradição...
Cresci numa família onde a tradição era sempre respeitada e neste mês então a avó levava o assunto mesmo a sério. Começávamos no dia 8, com o dia da mãe. É verdade, o dia da mãe era em Dezembro no dia marcado pelo calendário católico com sendo o dia da Imaculada Conceição, portanto dia da mãe. Recentemente passou a ser em Maio, nunca percebi porquê.
Mas o dia da mãe era também o dia de ornamentar a casa para o Natal: começávamos pelo Pinheiro (sempre natural) que inundava a casa com um maravilhoso cheirinho a natureza, seguia-se o presépio com as figuras ordenadamente colocadas numa cabaninha e por fim o centro da mesa, com os ramos de azevinho, de pinheiro e as velas.
Passados todos estes anos, mantenho a tradição de decorar a casa neste dia 8 e os meus netos adoram colaborar e esperam por esse dia com a expectativa natural das suas idades.
Mas afinal, o que se passa com a tradição?
A tradição comercializou-se! Mal começa Novembro e logo o espírito natalício paira sobre o comércio como se não houvesse mais dias no ano, por todo lado só se vê montras ornamentadas, música em todas as ruas, na rádio não se fala de mais nada que não seja o Natal, publicidade de produtos para o Natal, o que comprar para oferecer no Natal, canções de Natal já com tantos anos que dá ideia que os autores musicais já não têm imaginação para fazer canções.
E a nossa vida passa a funcionar só ao redor do mesmo tema: Natal, Natal, Natal!!
Não sei se os leitores destas linhas sentem o mesmo, mas eu chego ao Natal já um pouco saturada do mesmo! E depois tudo acaba em poucas horas...
E então a tradição?
A tradição lá se vai cumprindo entre uma posta de bacalhau e uma rabanada, um presente com um laço bonito e um jogo de cartas...
E de ano em ano a tradição arrasta-se por ser isso mesmo, um dia no último mês do calendário, uma mesa mais cheia de iguarias e um monte de presentes que muitas vezes são esquecidos no fundo de um qualquer armário.
E fica a saudade tão portuguesa das noites de Natal com a família toda reunida, os abraços de quem já não víamos há um ano, da lareira acesa a dar um certo toque de aldeia e da tradição de ser...criança!!!
Cristina Pestana

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