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INTERRUPÇÃO NÃO PROGRAMADA

Os subterfúgios

 


Caros/as leitores/as, todos nós temos que nos reger pela Constituição Portuguesa de modo a que possamos viver bem em sociedade e que as regras sejam igualmente cumpridas por todos. Pois, bem, há lacunas. Desde a lacuna chamada de “cunha” à lacuna da desinformação (não é por não se saber que se pode ficar ilibado de qualquer pena ou coima). Em qualquer serviço a que nos dirijamos, verificamos por vezes meios de contornar o que nos é dito ou tido como procedimento. 

Com este texto, pretendo desabafar e demonstrar o meu desagrado e descontentamento acerca das situações que ocorrem por aqui e acolá com qualquer um de nós ou que presenciamos. Os favores, as desconfianças e a certeza de que se te dão alguma coisa, a seguir pedem algo. À medida que vou crescendo, que me vou tornando mais adulta e mais madura, à medida que vou enfrentando desafios, cresce também a minha descrença no ser humano. Eu tenho direitos fundamentais como qualquer um mas, não ficam dependentes do cumprimento de algum dever… Direitos, liberdades e garantias. É precisamente disto que falo. Precisei de me dirigir ao centro de saúde para solicitar uma consulta de urgência: só para o dia a seguir e convém comparecer bem antes das 8 horas para garantir que terei uma vaga – não asseguram que haja consulta nem para o dia seguinte. Subterfúgios: não há médico, não há salas. Ora uma urgência representa uma situação que deve ser resolvida o quanto antes pela garantia do estado de saúde a que todos temos direito. Vi-me obrigada a dirigir ao serviço de saúde privado, paguei, fui atendida e preciso de repouso absoluto. Dirijo-me novamente ao Serviço Nacional de Saúde para requisitar um documento que ateste a minha incapacidade para o trabalho: mesma situação referida acima – “esteja cá amanhã bem antes das 8h!”. Recorro à auto declaração. Situação que me deixa descontente.

Preciso de um posto de enfermagem. Não há. Aqui os subterfúgios são: não há enfermeiros. Só com marcação ou então num horário com intervalo de 2 horas. Caríssimos e nem sempre com garantia que o técnico que nos vai atender é dotado de tamanha competência e saber-fazer. 

Este exemplo acima acontece na área da saúde. Vamos falar de coisas banais do nosso dia-a-dia. Quando conduzo, ando pela via destinada ao meu veículo. Quando sou peão, vou no lugar que me é destinado: passeio. Qual não é o meu espanto quando sinto a circular atrás de mim, no passeio, uma mota. E qual não é o meu espanto, a mota pára, em cima do passeio e estaciona! Espanto maior, mesmo ao lado está um lugar vago para a mota parar… Não tenho autoridade para dizer nada, mas tenho direito a circular em cima do passeio sem ter que ter o cuidado de ver se vem uma mota. Subterfúgio: a mota não vai ocupar o lugar de um carro, só vou aguardar aqui parado uns breves instantes.  

Como este exemplo, terei tantos outros para contar… 

E vocês? Quais os subterfúgios que ouvem? 

 Obrigada 

Mjsoares

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