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INTERRUPÇÃO NÃO PROGRAMADA

PERDOA


Há uns tempos deixei que algo me afetasse sem me ter dado conta na devida altura. Um meu superior hierárquico deu-me a entender que eu não conseguiria terminar o projeto de mestrado que estava a desenvolver porque era necessário muito foco. Não dei importância... Não respondi… Mas fiquei a magicar…

Afinal até dei importância… e ainda bem! 

Ainda bem que magiquei e ainda bem que aquele comentário de quem até ainda não conseguiu obter o grau de mestre não impediu que eu não conseguisse terminar a minha tese.

Sou grata!

Gratíssima!

Porque esse comentário deu-me força para não desistir, deu-me foco e persistência para lutar. 

A propósito deste episódio partilho convosco o texto do escritor, cronista e filósofo José Luís Nunes Martins:


PERDOA, NÃO ALIMENTES AS TUAS MÁGOAS 

Quando algo nos magoa, importa que sejamos capazes de o tratar e sarar. Quem busca através do ódio, da violência ou até de uma fria vingança repor a justiça, agrava o mal que o aflige, em vez de o curar. 

Quantas vezes ficamos zangados com acontecimentos que, na realidade, não se passaram tal como os recordamos? Será que não devíamos, em nome da verdade, ser mais humildes e procurar saber com rigor os factos antes de reagirmos?

Há quem se alimente do mal e faça o seu coração bater em busca de castigos para os outros. Busca a justiça, mas age de forma tão justiceira que acaba por ser tão injusto quanto aqueles males que julga combater.

Perdoar é renunciar à cobrança. É velar pelo seu próprio bem, compreendendo que se todos erramos, também todos podemos ser perdoados. O perdão é um ato de amor, é dar ao outro mais do que merece... 

Mas... quem sou eu para julgar os outros? As suas razões e os seus gestos? Se os perdoar, tal como fui, sou e serei perdoado, que mal estou a fazer ao outro ou a mim mesmo?

Quando os nossos silêncios são de murmúrios, lamentações e intrigas interiores, não temos paz.  

Não será o perdão sempre justo?

Quem é digno de condenar aquele a quem Deus pode decidir perdoar?

Se sou perdoado na medida em que perdoo, então condenar o outro é condenar-me a mim mesmo!


TC

Comentários

  1. Obrigada pela partilha. Quantos de nós não fomos já alvo de situações semelhantes? O início do seu texto levou-me a pensar que atualmente somos inundados com propostas de formação em liderança. Umas com mais sumo do que outras. Umas mais apelativas do que outras mas, no fundo, no fundo, os objetivos propostos, raramente são alcançados, devido aos enormes EGOS que alguns “supostos lideres” têm. A liderança devia ser exercida pelo exemplo e isso, raramente acontece.
    Quanto a perdoar, obrigou-me a uma excelente reflexão. A dor, a mágoa, a ingratidão, às vezes não nos deixam ver o caminho do perdão. Obrigada!!!

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