A minha vida, tal como a de tantas outras, tem-se pautado por trilhar caminhos nem sempre fáceis, mas no sentido de alcançar objetivos que me pareceram os mais acertados, e respeitando os princípios e valores que me foram transmitidos desde tenta idade.
Se os devia ter escolhido a todos, é uma questão que fica por responder, pois não sei mesmo se poderia ter sido de outra forma. No entanto, neste meu percurso, havia a sinalização de um trilho que sabia existir, mas ao qual invariavelmente virava costas e dizia que nunca o faria, e que se tratava do que se designa por cirurgia bariátrica.
Sempre fui uma mulher gorda, e enquanto jovem, preocupada com a imagem física, submeti-me ao longo dos anos a tratamentos e a todas as dietas possíveis e imaginárias. Atrevo-me a dizer que conheço todas e, em jeito de brincadeira, costumo até dizer que nessas matérias tenho o doutoramento. A verdade é que, a existir, sentir-me-ia perfeitamente segura de o defender.
Mais quilos perdidos, menos quilos perdidos, mais dinheiro gasto, menos dinheiro gasto, passado algum tempo a frustração da recuperação do peso inicial e, não raras vezes, até mais, bastante mais.
E é desta forma que chego aos 65 anos, e o aumento de peso começa mesmo a preocupar-me, já não tanto pelo aspeto físico, mas porque os problemas de saúde aliados à obesidade são imensos, e cada um mais grave do que o outro.
Mais uma vez a vida ensinando-me que nunca se deve dizer nunca, e num dia em que subo a minha rua com dificuldade, e entro em casa a arfar e quase “sem forças”, vem à minha mente a célebre cirurgia bariátrica. Será esta a solução? Terei coragem de a fazer? Terei suporte emocional suficiente para a tão falada mudança de estilo de vida? Coragem é característica que não me tem faltado e não seria agora que esta me iria atraiçoar, penso. Recolho testemunhos de quem já a fez. Pesquizo cirurgiões e equipas multidisciplinares. Reservo passagem e sigo para Lisboa para consultas com a equipa escolhida, até porque, entretanto, soube que o meu sistema de saúde (ADSE) só comparticipa esta cirurgia até ao limite de idade de 65 anos, ou seja, em caso de indecisão já não poderei dela beneficiar.
Regresso passados 2 dias, já com uma série de exames prescritos e a cirurgia agendada para o dia 3 de abril deste ano de 2023, ou seja, para dali a 1 mês.
E é assim que no dia combinado sou submetida ao que se designa “mini bypass gástrico”, no HCV, tendo como cirurgião o Dr. António Albuquerque, uma pessoa fantástica, que desde o primeiro encontro me transmitiu uma segurança ímpar, e com o acompanhamento de uma equipa não menos fantástica, que nem sabia existir, ou seja da Associação Portuguesa de Bariátricos, de quem vos falarei em próximo episódio.
Passados 4 meses, aqui estou eu para partilhar com quem tiver interesse, este percurso, no sentido de ajudar ou até mesmo encorajar quem, como eu, seja gordo, e necessite da solidariedade de outro para iniciar um percurso que pode ser a solução para todos os seus maiores problemas.
Até um dia destes. Fiquem bem.
Ana Toste
Grande guerreira. Sozinha tomar uma decisão dessas não é para qualquer um. Parabéns.
ResponderEliminarAna, enalteço a tua frontalidade frente a uma questão que, para muitos, é tabu! Tal como tu, considero que se deve expor, é também uma forma de poderes "dar a mão" a alguém. Isto Chama-se ter valores e amar o próximo. Corajosa foste, parabéns! Agora sentes-te melhor com o teu corpo e este já te dará resposta às exigências físicas do quotidiano. Grande mulher. Mereces sempre o melhor. Ana Maria Bruno
ResponderEliminarGrande Mulher. Tenho uma grande admiração por ti.
ResponderEliminar