Avançar para o conteúdo principal

RESULTADO DUMA QUEDA... PARAGEM FORÇADA E OBRIGADA

A COLCHA DE CROCHÉ

Li muito atentamente, como é meu hábito, o texto do passado domingo aqui do uploading4ever e decidi de imediato, ir, literalmente, abrir o meu baú. Não se trata de baú, em termos figurados mas sim, de baú – arca.

Fui tirando, muito cuidadosamente,  peça a peça que lá tinha guardada.

Não sei exatamente o que me levou até lá, mas sei que senti um prazer gigante no toque que lentamente ia fazendo em cada uma das peças.

Que recordações incríveis. Que bem me senti! Que saudades boas, sem explicação plausível!

De repente, a colcha de croché que fizeste para mim mamã. Dizias que era para o meu enxoval.

Retirei-a com imenso cuidado. Manuseei-a como se estivesse a tocar e a acariciar as tuas mãos. Fui assaltada pela tua imagem, sentada a fazer croché, a dar azos à tua liberdade criativa.

Aquele cheiro a linha de crochet, aqueles quadrados a formarem desenhos maravilhosos que na altura, não valorizei e de que hoje me arrependo severamente por isso.

Tanto sacrifício na compra daquela linha, tantas idas á retrosaria para ficares a saber que aquela linha estava esgotada e não se sabia quando voltaria a estar à venda. A desilusão estampada no teu rosto, por não teres tido oportunidade financeira para adquirir, duma vez a linha necessária para aquela colcha.

Mandei limpar a colcha a seco e coloquei-a na minha cama. Que linda que está! Consigo sentir amor incondicional, em múltiplas dimensões, ao contemplar aquele teu tão maravilhoso trabalho.

Consigo ampliar a tua existência. Consigo valorizar agora, todo o teu esforço na criação desta colcha.

Obrigada Mamã!

M.F.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

QUANDO PERCEBES QUE NÃO HÁ VOLTA A DAR

 “A Sra. é tal e qual a minha avozinha. Ela não sai de casa sem os seus adereços. É uma querida, mas muito vaidosa”. É com esta frase que uma jovem técnica me presenteia, enquanto aguarda que eu conclua a tarefa desesperada de tirar os brincos e o colar, cujo fecho teima em não abrir. Eu, a paciente que irá fazer uma radiografia dentária. Ela, a técnica que a fará. Eu, uma mulher madura de 66 anos, convencida, até àquela hora, que em nada os aparentava. Ela uma jovem radiante nos seus 20 e poucos anos de idade. Avozinha? Eu, avozinha e mais ainda, vaidosa…   Reparem que não me comparou à sua avó. Fê-lo em relação à sua avozinha, o que para mim corresponde a bisavó.  Não faço qualquer comentário, mas lembro-me imediatamente do que brinquei com a minha amiga Fernanda, mais velha que eu 3 anos, quando me contou que, após completar os 65 anos de idade, tinha ido comprar o passe mensal para o comboio, e ao querer entregar o cartão de cidadão ao funcionário que a atendia, para que fizesse pr

MERCEDES?

Mercedes? No café em Lisboa, vejo uma senhora já com a sua idade que provavelmente se chama Mercedes, a tratar das cartas que lhe chegaram a casa ou não.  Ao mesmo tempo fuma um cigarro que colocou delicadamente no cinzeiro enquanto organiza as cartas, quiçá mais contas para pagar, outro corte na reforma. Talvez sejam as cartas de um neto emigrado a mandar beijinhos com carinho para não usar o WhatsApp. Acabou de arrumá-las e voltou a pegar no seu cigarro, marca Rothmans. Fuma-o e pensa. Será que pensa nas cartas? No calor que está? No tabaco que está caro? Ou estará a fazer uma retrospetiva da sua vida? Que Lisboa não é a mesma que conheceu; A pensar no seu primeiro amor; No sua avó, no seu avô;  no primeiro gira discos que comprou e que pagou 40 contos? no seu primeiro cigarro? Dá um gole na sua água e acende outro cigarro Rothmans. Estou numa mesa a menos de 3 metros desta senhora que não passa de uma suposição minha que se chama Mercedes. Será feliz? Devo admitir que tem muita clas

EU E OS MEUS TÉNIS PARA QUASE TODAS AS OCASIÕES

  Preciso de uns ténis para todas as ocasiões, ou quase todas, é um pensamento que me ocorre, especialmente quando, por não os ter, tenho de usar sapatos de salto, que me fazem sofrer horrores nas ocasiões que a isso obrigam. Tenho ténis de várias formas e cores, mas faltam-me os tais. Aqueles que vês nas páginas de publicidade das revistas de moda, e que pensas que, um dia, se puderes, os vais comprar. É então que na minha última viagem a Lisboa, passo por uma sapataria, e vejo em destaque, exatamente os ténis com que venho a sonhar desde há muito. Paro de imediato, e procuro ler o preço que está num talão muito pequenino, como que meio envergonhado, junto do artigo pelo qual já me apaixonei. Por este preço nem pensar, só se estivesse doida, penso eu, e sigo em frente, apesar de a algum custo. Nos dias seguintes e porque o trajeto me faz passar diariamente pela mesma sapataria, vou vendo que eles continuam no mesmo sítio. Lindos de morrer… penso eu todos os dias. Mas, por aquele preço