Avançar para o conteúdo principal

MERCEDES?

A CONSCIÊNCIA DO EU E A DO OUTRO

 


Numa manhã de um dia de uma semana em que me relataram episódios passados em hospitais e lares de idosos, que me deixaram angustiada, por demonstrarem uma total indiferença pelo “outro”, pego no jornal local e salta-me à vista um título em realce “A importância da consciência do EU”.

Leio o artigo com real interesse e concordo com algumas das opiniões expressas pela autora. Sei, como todos os que se interessam por temas de desenvolvimento pessoal, que a grande maioria de nós, durante grande parte da nossa vida, não nos demos a importância devida, e não nos tratámos a nós próprios como merecíamos, levando a que, a consequente baixa autoestima, em muitos casos e por isso mesmo, levasse a uma vida de infelicidade, como única forma de viver.

Continuo a ler e vêm-me à memória os relatos a que fiz referência no início deste texto e, aliados a esses, começam a desfilar tantos e tantos outros que vejo diariamente, de desinteresse, falta de profissionalismo, falta de ética e que resultam sempre no prejuízo do “outro”.

E é exatamente aqui que quero chegar. Será que a consciência do “eu” fez esquecer que também existe o “outro”, com os mesmos direitos, as mesmas necessidades, e que este “eu” que agora surge de forma quase diria exacerbada, esquece que vivemos em comunidade, e que o “outro” deve obrigatoriamente ser tratado com o mesmo respeito e dignidade com que nós próprios queremos ser tratados?

Confesso que estou já cansada de ouvir chamar a atenção para a consciência do “eu”, sabendo que, com toda a certeza, será bem interpretada por uns, mas por outros completamente distorcida, fazendo com que o seu Ego se sobreponha a tudo e a todos.

Será que já não é tempo de voltarmos a chamar a atenção, a ensinar, a “consciência do outro”?

Fica a pergunta para reflexão.


Comentários

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

O MEU DIA DE ANOS

Nove de novembro, dia dos meus anos.  Para mim um dia igual a tantos outros, não fosse o carinho das mensagens, telefonemas e prendas dos que teimam em não cumprir com o meu pedido de não o fazerem. Todos os anos o repetem, porque estão seguros de que não cumprirei a ameaça de não os aceitar.  A este propósito, e com o objetivo de vos dispor bem, vou contar-vos um episódio, digno de uma comédia, vivido há alguns anos atrás, exatamente no dia dos meus anos, e fruto de uma prenda recebida de um grupo de amigas queridas. Nesse ano, as amigas mais chegadas decidiram acarinhar-me com um voucher de um salão de beleza local, que constava de uma “massagem aromática manual de relaxamento profundo”. Encantada com esta oferta, decidi desfrutar dela no mesmo dia. Se assim pensei, melhor o fiz. Dirigi-me ao salão de beleza, e após os cumprimentos iniciais, conduziram-me à sala onde me tratariam e eu sairia revigorada lá para o fim da tarde. Deitei-me na marquesa com as costas voltadas para cima, co

QUANDO PERCEBES QUE NÃO HÁ VOLTA A DAR

 “A Sra. é tal e qual a minha avozinha. Ela não sai de casa sem os seus adereços. É uma querida, mas muito vaidosa”. É com esta frase que uma jovem técnica me presenteia, enquanto aguarda que eu conclua a tarefa desesperada de tirar os brincos e o colar, cujo fecho teima em não abrir. Eu, a paciente que irá fazer uma radiografia dentária. Ela, a técnica que a fará. Eu, uma mulher madura de 66 anos, convencida, até àquela hora, que em nada os aparentava. Ela uma jovem radiante nos seus 20 e poucos anos de idade. Avozinha? Eu, avozinha e mais ainda, vaidosa…   Reparem que não me comparou à sua avó. Fê-lo em relação à sua avozinha, o que para mim corresponde a bisavó.  Não faço qualquer comentário, mas lembro-me imediatamente do que brinquei com a minha amiga Fernanda, mais velha que eu 3 anos, quando me contou que, após completar os 65 anos de idade, tinha ido comprar o passe mensal para o comboio, e ao querer entregar o cartão de cidadão ao funcionário que a atendia, para que fizesse pr

EU E OS MEUS TÉNIS PARA QUASE TODAS AS OCASIÕES

  Preciso de uns ténis para todas as ocasiões, ou quase todas, é um pensamento que me ocorre, especialmente quando, por não os ter, tenho de usar sapatos de salto, que me fazem sofrer horrores nas ocasiões que a isso obrigam. Tenho ténis de várias formas e cores, mas faltam-me os tais. Aqueles que vês nas páginas de publicidade das revistas de moda, e que pensas que, um dia, se puderes, os vais comprar. É então que na minha última viagem a Lisboa, passo por uma sapataria, e vejo em destaque, exatamente os ténis com que venho a sonhar desde há muito. Paro de imediato, e procuro ler o preço que está num talão muito pequenino, como que meio envergonhado, junto do artigo pelo qual já me apaixonei. Por este preço nem pensar, só se estivesse doida, penso eu, e sigo em frente, apesar de a algum custo. Nos dias seguintes e porque o trajeto me faz passar diariamente pela mesma sapataria, vou vendo que eles continuam no mesmo sítio. Lindos de morrer… penso eu todos os dias. Mas, por aquele preço