Fonte: www.saberescruzados.wordpress.com
Hoje, o meu pequeno almoço teve um doce sabor, sabor esse que há muito desejava provar, um doce tradicional de Guimarães, já se faz este doce há cem anos, usando o Calondro.
Tenho de agradecer a uma pessoa que teve a amabilidade, ao saber deste meu desejo, de o fazer chegar até mim.
A vida às vezes dá-nos estas surpresas maravilhosas, as da gentileza.
Obrigada!
A título de curiosidade.
Camilo Castelo Branco, refere, pelo menos em dois dos seus romances, os calondros.
Em “Gracejos que matam”1875 (Novelas do Minho) Irene e Jaques Smith amantes, encontraram em Madrid o marido desta com “duas francesas do café-concerto” tendo Jacques Smith comentado:
“-E tu a imaginá-lo a semear ‘calondros’ em Basto...”
Outra referência em “O cego de Landim” (Novelas do Minho) 1876 “Invadiram-lhe judicialmente a casa, e encontram, para maior prova de crime, um açafate de maçãs camoesas, dois ‘calondros’ e algumas batatas que Narcisa recolhera, de colheita aliás suspeitosa, nas lojas da casa da sua protectora”
Abel Salazar, diz em, “Recordações do Minho Arcaico” que “o Minho é lambão, e inventou três classes de doces, os doces de romarias, os doces caseiros e os doces de convento” referindo entre os doces caseiros aquele que se faz com o carnudo ‘calondro’( 1939) Eu especificava aqui o toucinho do céu que na maioria das receitas é feito com gila (xila) e em Guimarães, tradicionalmente, é feito com calondro.
Que bom que é ver que se mantém os nossos sabores tradicionais e se recupera os sabores de cada região, uma das nossas maiores riquezas a variedade de sabores e as nossas diferentes culturas, num País pequeno mas rico nas várias identidades regionais é sem dúvida uma mais valia para todos nós.
Fernanda Drumond
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