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MERCEDES?

FAÍSCA EM TANQUE CHEIO DE COMBUSTÍVEL

Costumo acompanhar e com muito interesse, a evolução das carreiras profissionais e o que isso quer na realidade dizer.

Olho para os telejornais e vejo as manifestações constantes de pessoas que se sentem injustiçadas nas suas carreiras. Neste momento vem-me à cabeça as manifestações de professores que pelo país fora e de forma organizada, vão engrossando em número e vai-se sentido nas suas palavras, cada vez mais, injustiça, “raiva”, etc.

Conheço muitos jovens que estão à procura de emprego para finalmente poderem sair de casa dos seus pais. Procuram desenfreadamente profissões ligadas à sua extensa formação académica. Digo extensa, pois quase que me atrevo a referenciar que os jovens hoje, vão de curso em curso, até esgotarem todas as hipóteses, ou até se fartarem. Nunca vi tanta qualificação literária. Quando tentam entrar no mercado de trabalho e não conseguem, optam por esconder algumas das suas valências académicas para que, quem recruta, se possa interessar pelo seu currículo. 

Dou comigo a pensar nestes jovens e no que sentirão cada vez que são colocados a desempenhar tarefas que não amam ou não se sentem preparados para. E quando sentem ter uma qualificação excessiva e desajustada para a função? Que pensarão sobre o seu futuro, sobre a sua carreira? Com que ânimo encaram cada dia da sua vida?

Fala-se muito na importância da motivação, do querer, do acreditar, da mudança, do ser capaz. Permitam-me que pergunte como poderemos dar injeções de ânimo a estes jovens? Eles que estão impedidos de começar uma vida independente por ainda não terem emprego ou, por ainda não terem conseguido arrendar ou comprar habitação própria.

Aproveito o momento para lembrar os pais destes jovens e os constantes sacríficos que fazem.  Sim, estes pais que têm duplo e às vezes triplo emprego. Estes pais que  deixaram de ter muitas coisas para investir na formação dos seus filhos. Que deixaram de fazer férias para poderem poupar, para pagar a faculdade e o alojamento a preços proibitivos, cada vez que os filhos não conseguem entrar na faculdade da região onde vivem.

Como será que poderemos acabar com este círculo vicioso?

Que resposta terão estes “tudólogos” que diariamente, através das televisões, entram em nossas casas deixando as suas opiniões sobre tudo e sobre todos?

Não sei para onde se caminha. Não sei que solução irá aparecer. Sei no entanto que esta situação se arrasta e pressinto que, se não for encontrada solução rapidamente, será como faísca em tanque cheio de combustível.

Maria Salgueiro

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