Confesso que não contava desta vez escrever novamente sobre crianças, para que não fosse “mais do mesmo”. Mas foi inevitável. Li esta semana um artigo, e posteriores comentários sobre o mesmo, em que a jornalista era simultaneamente a mãe envolvida na história. E eu, que achava que já não me surpreendia com qualquer coisa, fiquei completamente “ouriçada”.
No caso, uma criança de 5 anos que segundo descrição da mãe era toda ela alegria e espírito sociável, que tinha o seu grupo de amigos constituído em cada espaço e atividade que frequentava, manifestou tristeza e desânimo nas aulas de ballet. Partilhara com o pai que as outras meninas não queriam ser suas amigas porque “PARECES POBRE” (palavras cruelmente dirigidas). Como é possível? Que adultos estaremos a criar? Que valores, ou falta deles, estamos a deixar para um futuro que é mais próximo do que imaginamos?
Esta mãe, jornalista, apresentou a sua recente realidade de teletrabalho (pós pandemia) e as consequências de “maus hábitos” daí advindos; um maior desleixo na apresentação visual e a mesma necessidade de correria para conseguir conciliar os compromissos profissionais com a gestão das atividades da filha que levam por vezes a uma imagem pouco cuidada. Esta mãe penaliza-se por achar que contribuiu para essa leitura e atitude das outras crianças malformadas (por pais que lhes incutem os valores errados) prejudicando assim a sua filha.
Passa-se num colégio privado, onde supostamente frequentam crianças com algum nível de condições, de famílias supostamente com algum nível de formação…só que não… o dinheiro apenas compra coisas, sejam as roupas de marca caras e chics, as casas e os carros de topo, as férias de sonho ou as tecnologias top. Mas não compra valores.
Dei por mim a agradecer pela minha ingenuidade, pois não tinha na minha bolha essa realidade como possível. Os nossos meninos trabalharam estes dias sob o lema “Amigo do meu amigo, meu amigo também é…se queres brincar comigo, basta dizer-me quem é.”
O.C.
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