Avançar para o conteúdo principal

INTERRUPÇÃO NÃO PROGRAMADA

LUZES BRANQUINHAS E O NATAL

O Natal sempre foi para mim uma festa mágica, feliz e alegre.

Sim, mas isso foi há muito, muito tempo.

Nesse tempo, era eu uma criança e depois uma adolescente e até como jovem adulta, eu vivia esta quadra com muito interesse, tanto nas decorações como nas prendas que comprava sem dificuldade em escolher o mais adequado para cada pessoa que iria receber o meu miminho. 

Depois, e o depois para mim foi o ponto final nesse entusiasmo, perdi o interesse em tudo. 

Porquê?

Porque perdi os meus entes queridos. Perdi os meus pais. Eu sou filha única e a partir daí senti que não devia festejar porque eles não estavam cá para me acompanhar na alegria do Natal.

Tenho boas recordações da quadra natalícia passada em casa de meus pais. Era tudo perfeito.

E fui perdendo mais familiares e amigos e parece me ingrato eu festejar sem todos eles.

Depois vieram os netos e eu pensava que isso me iria ajudar. Mas não. Sinto a mesma nostalgia sobretudo pela ausência de meus pais.

Eu sei que a vida é mesmo assim. Depois, um dia  irei embora, eu e o meu marido, e os meus filhos vão continuar a festejar e provavelmente a sentir o mesmo que eu agora sinto.

Estou muito sentimental. Não ajuda nada.

Tento agarrar-me a alguma coisa. Tento proporcionar aos meus netos toda a alegria possível.

Mas é difícil.

Então, reparo que há uma coisa que me faz sorrir.

Parece insignificante mas dou por mim a parar, a olhar e a sorrir.

As luzes de Natal.

Sobretudo e sempre as brancas.

Dão me tranquilidade.

E sorrio.

Embora não me sinta totalmente preenchida, olho, sorrio, e fico parada a encher o meu coração de força para continuar a viver este Natal de 2022 e, quem sabe, os próximos.

ES


Comentários

Mensagens populares deste blogue

A MINHA VIAGEM AO JAPÃO

Verdade, fui ao Japão. Verdade, aventurei-me a, depois de 2h30 de viagem para Lisboa, meter-me num outro avião para, durante 7h30, fazer Lisboa-Dubai, e ainda noutro para mais 9h30 até Tóquio. Ainda hoje me pergunto como me aventurei a tal, eu que me arrepio sempre que se fala em viagens de avião. Mas fi-lo e ainda bem!   O Japão nunca foi um país que me despertasse grande interesse, logo uma viagem que, não fosse a minha amiga Manuela, provavelmente não teria feito. Por diversas vezes já lhe agradeci e vou sempre agradecer-lhe ter-me ligado, naquele dia, a dizer-me “… vamos?” Mas, se nada é por acaso, é porque agora é que era a altura certa para a fazer, pois a idade já me permitiu uma plenitude que antes não alcançava. Já regressei há vários dias e ainda não “aterrei” no meu quotidiano. Continuo, a cada minuto, a visualizar imagens, paisagens, gestos e atitudes que me levam ao que, agora, considero um outro mundo. Um outro mundo em que é notório o respeito pelo outro, nomead...

A ARTE, A BELEZA E A GRATIDÃO

  Sou frequentadora assídua da Confeitaria Paulista na Maia, onde a D. Elvira e o Sr. Jorge Mendes (proprietários), fazem questão de nos receber de “braços abertos.” Tomo o meu café e pão com manteiga neste maravilhoso espaço. É um local muito familiar. Um espaço onde nos sentimos muito bem!!!  Somos bem recebidos; Bem tratados; Bem-vindos!!! Sentimo-nos em casa. A D. Elvira faz questão de nos fazer sentir únicos. Há uns dias, tive oportunidade de ver uma autêntica obra de arte saída das mãos do proprietário da Confeitaria Paulista. Trata-se da peça cuja fotografia está a ilustrar esta publicação. Ao ter acesso ao dito quadro, acreditem, que senti ARTE, que senti BELEZA e depois de saber a história que o envolve, senti que ali, existia GRATIDÃO.  Ora o Sr. Jorge Mendes, decidiu pôr mãos à obra e fazer este maravilhoso trabalho em pão. Sim, trata-se de pão e não outro material qualquer. Explicou-me as múltiplas e morosas voltas que este trabalho dá, até chegar ao resultado...

A LOUCURA DO MUNDO

  Tinha decidido que hoje escreveria de novo sobre a minha viagem ao Japão, e que vos contaria algumas peripécias dignas de registo humorístico, daquelas que sempre me acontecem e me divertem ao ponto de querer partilhar com outros, e porque me faz feliz. Faz-me feliz fazer aparecer um sorriso no rosto de quem lê os meus textos, um sorriso que muitas vezes anda escondido e tarda em aparecer. No entanto, nem sempre isso é possível, e hoje não pode ser assim. Hoje tenho de partilhar convosco a minha tristeza, a minha revolta, a minha frustração. Desculpem-me mas terá de ser assim. Logo pela manhã, como habitualmente, abri o rádio para me atualizar acerca do que se passa no nosso país e para além dele, e o que fui ouvindo fez-me decidir que não concluiria o meu texto nos termos em que tinha pensado. Não tinha esse direito perante o que estava a ouvir. Se o fizesse era como se também estivesse a assobiar para o lado perante o horror que me descreviam. Apesar de ser uma peça insignifica...