Sim, mas isso foi há muito, muito tempo.
Nesse tempo, era eu uma criança e depois uma adolescente e até como jovem adulta, eu vivia esta quadra com muito interesse, tanto nas decorações como nas prendas que comprava sem dificuldade em escolher o mais adequado para cada pessoa que iria receber o meu miminho.
Depois, e o depois para mim foi o ponto final nesse entusiasmo, perdi o interesse em tudo.
Porquê?
Porque perdi os meus entes queridos. Perdi os meus pais. Eu sou filha única e a partir daí senti que não devia festejar porque eles não estavam cá para me acompanhar na alegria do Natal.
Tenho boas recordações da quadra natalícia passada em casa de meus pais. Era tudo perfeito.
E fui perdendo mais familiares e amigos e parece me ingrato eu festejar sem todos eles.
Depois vieram os netos e eu pensava que isso me iria ajudar. Mas não. Sinto a mesma nostalgia sobretudo pela ausência de meus pais.
Eu sei que a vida é mesmo assim. Depois, um dia irei embora, eu e o meu marido, e os meus filhos vão continuar a festejar e provavelmente a sentir o mesmo que eu agora sinto.
Estou muito sentimental. Não ajuda nada.
Tento agarrar-me a alguma coisa. Tento proporcionar aos meus netos toda a alegria possível.
Mas é difícil.
Então, reparo que há uma coisa que me faz sorrir.
Parece insignificante mas dou por mim a parar, a olhar e a sorrir.
As luzes de Natal.
Sobretudo e sempre as brancas.
Dão me tranquilidade.
E sorrio.
Embora não me sinta totalmente preenchida, olho, sorrio, e fico parada a encher o meu coração de força para continuar a viver este Natal de 2022 e, quem sabe, os próximos.
ES
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