Hoje falo-vos de sentimentos desinteressados. Pois os portadores destas emoções, são demasiado inocentes e a sua manifestação é completamente espontânea e genuína. São crianças, trabalho num Jardim de Infância.
Crianças de tenra idade, mas que nos transmitem para além da confiança no trabalho que já está feito, a esperança de que vale a pena acreditar e continuar a fazê-lo. Dão-me todos os dias mostras de que devo investir e nunca “desistir” de nenhuma delas. Trabalho muitas horas do dia rodeada de pequenos seres que por vezes não são fáceis, e os dias parecem longos. Mas não há nada que se compare (sem contar com declarações daqueles que são “nossos”), às palavras com que nos brindam de recompensa ou os abraços apertados que me dão, carregados de saudades.
Daquelas pequenas bocas inocentes, saem tesouros como “Tive muitas saudades tuas…” ou até o “Vou ter saudades tuas…” quando lhes digo que é fim-de-semana e vamos estar dois dias sem nos vermos.
Abraços que não se desapegam, mesmo de alguns (já mais crescidos) que vão buscar os irmãos e nos encontros que já não são diários, fazem questão de transparecer aquilo que os marcou. Não se inibem de dizer, não se envergonham de mostrar, só querem agradecer, querem é viver.
Vejo pais emocionados ao presenciarem tais manifestações, ou até a reproduzirem o que lhes foi dito em casa e fazem questão de partilhar.
Quem não conhece este mundo dos pequeninos, não compreende por vezes tanto esforço e tanta dedicação, mas quem o vive sabe que não pode ser de outra maneira. É este o pagamento principal.
E já agora, não se esqueçam nunca de dizer “Goto de Ti…”
O.C.
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