A doença mental. Não sou psiquiatra, mas sou atenta a determinados comportamentos, todos nos cruzamos com gente dita desequilibrada, que subvalorizamos, acreditando se tratar de atitudes malcriadas, resultado de adições ou desajustados, ou sem-abrigo, pessoas no limiar da pobreza, esta não só económica, mas também de vivência e de convivência.
Apesar de alguns tentarem ajudar, na sua boa vontade e com solidariedade, efetivamente este esforço só dificilmente consegue colmatar e em alguns casos diminuir, a falta de atenção do Estado, ao sofrimento dessas pessoas.
Há tanta gente doente mental, os desajustados com o modo de viver desta sociedade, não conseguindo lidar bem com o ritmo e as exigências quer no trabalho ou na sua vida familiar, a circular por aí, sem falar dos “doidos” e estes últimos sem nos apercebermos, passam por “gente normal”, andam descompensados, desamparados, não medicamentados, e às vezes “salta-lhes a tampa”, hoje não se fala dos “doidos” até parece que deixaram de existir esses doentes mentais profundos, parece mal falar deles, mas não é por não falarmos que deixaram de existir.
De repente somos despertados para actos perpetrados com extrema violência, crueldade e frieza, deixando-nos de boca aberta, incrédulos. O leque é abrangente e estes doentes existem desde a classe mais alta até aos sem-abrigo.
Todos os dias somos confrontados com atitudes de violência na escola entre alunos, agressões contra professores, contra profissionais de saúde, a violência doméstica, temos vindo assistir a cenas macabras como de um recém-nascido abandonado nu, num contentor de lixo e neste último caso somos lestos a apontar o dedo.
Não vou julgar quem abandona, um nado vivo, este acto só pode ter sido efectuado por quem não está bem, numa atitude muito de desespero e de perturbação mental, para não ter pensado que haveria outras soluções, mas também é verdade que há quem não quer cuidar de um filho, não nos cabe julgar, não são capazes de passar por processos que elas não estarão preparadas, não é de hoje estes abandonos, muitos deles feitos às portas de conventos, igrejas ou na soleiras de casas, só o modus operandi é diferente, denotando grande frieza, a diferença é que neste acto não parece haver a intenção de querer que alguém cuide do filho, prefere matá-lo, como já se assistiu em mães que matam os filhos, como aquela, há uns anos, atirou o filho da ponte e outras que os matam e a seguir suicidam-se.
Não nos podemos esquecer das pessoas que têm um “burnout” e como as afeta, levando-as a um limite de cansaço seja ele físico e mental, como o excesso de trabalho nos pode levar a um esgotamento.
Os ordenados que a maioria de nós recebe e não chegam para fazer face aos gastos do dia a dia de uma família, seja ela com filhos ou sem, viva-se sozinho ou não, que leva a uma vida de angústia e ansiedade constantes.
Todos nós temos certos desequilíbrios que conseguimos controlar melhor ou pior, mas muitos precisam de ajuda profissional, não por serem mais fracos, não é vergonhoso pedir ajuda, se quando temos uma dor no corpo pedimos ajuda especializada, quando essa dor é na alma devemos agir da mesma maneira.
Fernanda Drumond
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