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INTERRUPÇÃO NÃO PROGRAMADA

SAUDADE


- Bom dia. Um café por favor.

- Com certeza. Desculpe, está a chorar? Vejo lágrimas nos seus olhos.

- Sim estou. E se lhe contasse por que razão tenho lágrimas nos olhos o senhor ficaria atónito e diria: Como é possível?

Pois vou lhe dizer. Vinha agora no carro a ouvir na telefonia os GNR a cantar uma canção já com alguns anos e que é cantada a mais do que uma voz. E.... eu recordei-me de quando tinha entre os 15/17 anos.

Havia um grupo de rapazes com violas que se juntavam para compor e cantar canções que eram sempre cantadas em coro. 

E eu fui, há instantes, transportada para esse tempo e esses amigos, jovens como eu, no tempo dos “teddy boys”. Juntávamo-nos todos na cave de casa dos meus pais e eu gravava essas canções no meu gravador Grundig (que ainda tenho). Qualquer dia vou abri-lo e ouvir. E vou chorar. Gostava tanto, mas tanto de os reencontrar.

Tenho tantas, mas tantas saudades desse tempo, em que tudo era fácil, bonito, arrebatador. Ai se eu pudesse revê-los, se eu os pudesse abraçar. 

Não peço para voltar atrás a esse tempo porque sei que iria passar por algumas situações menos boas.

Só vê-los agora, estar com eles, poder conversar. 

Sobretudo um deles por quem eu tinha uma paixoneta de adolescente. O "Pantufas". 

Qual seria a sensação não sei porque estamos todos com muitos anos em cima de nós, mais velhos, gastos, amargos alguns, mais afáveis outros, sei lá. 

Tantos anos passados desde esse tempo e eu lembro-me de todos os pormenores, de tudo o que vivemos juntos. 

Ai como as saudades são tramadas!

Ai como é bom reviver em pensamento! 

Eugénia Soares


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