Vivemos, supostamente e segundo nos tentam provar a cada segundo, na era mais moderna da nossa história. Onde praticamente tudo é possível ou se ainda não o é, proximamente será. Há uma busca insaciável pela eternidade. Um olhar que procura o futuro e não nos deixa ver o agora. Vidas cheias de coisas que tantas vezes sabem a vazio. O tempo preenchido, cheio de segundos e minutos ocupados e horas que não nos chegam. Tornámo-nos egoístas. Na ansiedade umbiguista de chegar primeiro, esquecemos que não estamos sozinhos. A visão em túnel restringe-nos. Não olhamos para o lado, para o outro, para quem precisa de tão pouco e que em muito podemos ajudar. Afinal porque vivemos em sociedade e porque razão nos tornámos tão individualistas?
Há duas semanas acompanhei uma amiga a um hospital privado. Ainda debilitada e a recuperar de uma cirurgia a um tumor, foi mais rápida do que eu. Tem os sentidos apurados. Mais ainda! Tem o que todos deveríamos ter enraizado desde a nascença, o respeito pelo próximo.
Uma senhora de idade procurava com as mãos trémulas as rodas da sua cadeira, para que, de alguma forma, conseguisse chegar ao seu destino. A minha amiga viu-a ao fundo de um corredor, por onde passavam sem visão periférica tantos seres. Indiferentes. Doentes, acompanhantes, médicos, auxiliares, enfermeiros. Nada. Ninguém! E a minha fé esmorece.
Vinte passos e dois minutos. Este foi o esforço para um simples desfecho do problema da senhora, que ninguém viu… ali a deixámos, agradecida, junto a uma das receções, advertindo um funcionário para o que se tinha passado. Era agora a sua vez de olhar para o lado, para o outro. E respeitá-lo.
Filipa de Castela Serrano
Lamentavelmente fala-se muito em Globalização e estamos a esquecer-nos da Humanização.
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