Avançar para o conteúdo principal

INTERRUPÇÃO NÃO PROGRAMADA

IRRITAÇÃO

Estive neste mesmo sítio na sexta-feira passada. Hoje é domingo. Estou num bar de praia na zona de Angeiras. Estou sozinha, tal como na sexta-feira. Costumo andar acompanhada mas destas duas vezes calhou assim.

Sexta feira tudo se conjugou para me acalmar. O mar muito sereno, parecia que a água nem se mexia. 

Os clientes que cá estavam não perturbavam o ambiente. Música de fundo agradável.

Pronto, até aqui tudo bem. 

Mas hoje, meu Deus. 

Entra gente, sai gente. Muita gente. Crianças fora da mesa a correr e a gritar. 

E só hoje me apercebi que o chão abana quando se anda e se corre. 

De facto, na sexta-feira nem isso se notava tal era a tranquilidade.

Até o meu amigo mar está hoje muito agitado, barulhento, irrequieto. Deve estar incomodado também. 

E há muita gente. O bar está cheio. Lá fora muita gente a passear ao sol, embora esteja muito vento e frio.

E então? Conclusão?

Pois. É domingo e toda a gente passeia. Tem esse direito. Toda a gente vem ao bar. É um direito seu.

Mas eu sinto-me irritada. Preciso de sossego. Sinto necessidade de silêncio. Realmente eu devia ter ficado em casa.

Ando desagradada com o mundo. Tudo me irrita. Ninguém tem culpa que eu me sinta assim.

As conversas das pessoas das mesas ao lado parecem parvoíces.

Mas elas não têm culpa. 

Fazem barulho, falam alto, gritam com os filhos que correm por todo o lado. Ó mor anda cá. Ó mor diz olá a senhora. As crianças não têm nome ou chamam-se todas mor?

O mesmo se passa em alguns estabelecimentos onde a funcionária que atende bem como a da caixa dizem: mais alguma coisa querida? O que vai mais mor?

Que diabo. Conhecem-me de algum lado?

Enfim, eu é que estou errada. Preciso de me tratar.

Ou estarei certa?

Sinceramente não sei.

Para compensar olho lá para fora na direcção do mar e o sol brilha sobre a água. Maravilhoso. E o meu lanche também foi bom. E agora vou tomar um cafezinho que esse sim, não me irrita. Viva a cafeína.

Obrigada por me aturarem.

ES


Comentários

Mensagens populares deste blogue

A MINHA VIAGEM AO JAPÃO

Verdade, fui ao Japão. Verdade, aventurei-me a, depois de 2h30 de viagem para Lisboa, meter-me num outro avião para, durante 7h30, fazer Lisboa-Dubai, e ainda noutro para mais 9h30 até Tóquio. Ainda hoje me pergunto como me aventurei a tal, eu que me arrepio sempre que se fala em viagens de avião. Mas fi-lo e ainda bem!   O Japão nunca foi um país que me despertasse grande interesse, logo uma viagem que, não fosse a minha amiga Manuela, provavelmente não teria feito. Por diversas vezes já lhe agradeci e vou sempre agradecer-lhe ter-me ligado, naquele dia, a dizer-me “… vamos?” Mas, se nada é por acaso, é porque agora é que era a altura certa para a fazer, pois a idade já me permitiu uma plenitude que antes não alcançava. Já regressei há vários dias e ainda não “aterrei” no meu quotidiano. Continuo, a cada minuto, a visualizar imagens, paisagens, gestos e atitudes que me levam ao que, agora, considero um outro mundo. Um outro mundo em que é notório o respeito pelo outro, nomead...

A ARTE, A BELEZA E A GRATIDÃO

  Sou frequentadora assídua da Confeitaria Paulista na Maia, onde a D. Elvira e o Sr. Jorge Mendes (proprietários), fazem questão de nos receber de “braços abertos.” Tomo o meu café e pão com manteiga neste maravilhoso espaço. É um local muito familiar. Um espaço onde nos sentimos muito bem!!!  Somos bem recebidos; Bem tratados; Bem-vindos!!! Sentimo-nos em casa. A D. Elvira faz questão de nos fazer sentir únicos. Há uns dias, tive oportunidade de ver uma autêntica obra de arte saída das mãos do proprietário da Confeitaria Paulista. Trata-se da peça cuja fotografia está a ilustrar esta publicação. Ao ter acesso ao dito quadro, acreditem, que senti ARTE, que senti BELEZA e depois de saber a história que o envolve, senti que ali, existia GRATIDÃO.  Ora o Sr. Jorge Mendes, decidiu pôr mãos à obra e fazer este maravilhoso trabalho em pão. Sim, trata-se de pão e não outro material qualquer. Explicou-me as múltiplas e morosas voltas que este trabalho dá, até chegar ao resultado...

A LOUCURA DO MUNDO

  Tinha decidido que hoje escreveria de novo sobre a minha viagem ao Japão, e que vos contaria algumas peripécias dignas de registo humorístico, daquelas que sempre me acontecem e me divertem ao ponto de querer partilhar com outros, e porque me faz feliz. Faz-me feliz fazer aparecer um sorriso no rosto de quem lê os meus textos, um sorriso que muitas vezes anda escondido e tarda em aparecer. No entanto, nem sempre isso é possível, e hoje não pode ser assim. Hoje tenho de partilhar convosco a minha tristeza, a minha revolta, a minha frustração. Desculpem-me mas terá de ser assim. Logo pela manhã, como habitualmente, abri o rádio para me atualizar acerca do que se passa no nosso país e para além dele, e o que fui ouvindo fez-me decidir que não concluiria o meu texto nos termos em que tinha pensado. Não tinha esse direito perante o que estava a ouvir. Se o fizesse era como se também estivesse a assobiar para o lado perante o horror que me descreviam. Apesar de ser uma peça insignifica...