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MERCEDES?

SOMOS O QUE VIVEMOS

 

Há vários anos, fomos obrigados a mudar drasticamente a nossa maneira de viver, começamos a olhar por cima do ombro e a ter medo. 

Medo de atentados, medo de viajar em avião, medo de grandes multidões, medo de celebrar a vida como estávamos habituados, alguns descobriram entre os mais próximos o inimigo, recrutados para se infiltrarem movidos pelo ódio.

A sociedade mundial de tempos a tempos é posta à prova, pelo medo, mas os da minha geração foram aqueles que adquiriram liberdades, liberdade de circular pelo Mundo, liberdades de comportamentos, liberdade de sermos nós, liberdade de convivermos independentemente de ideologias e de credos, liberdade de orientação sexual, liberdade de usarmos as novas tecnologias a nosso favor e contra, globalizamo-nos e pensávamos que eram dados adquiridos, até podia ser se não existisse a cultura do ódio, os bullings sociais que vamos impondo a coberto de uma fachada do politicamente correto.

Estávamos certos que tudo era permitido e de repente surge o 11 de Setembro e o castelo de cartas das nossas vivências ruiu, tivemos que começar a viver e a conviver com novas regras, que depressa esquecemos porque tudo parece ter voltado à normalidade, mas de repente tudo se desmorona e o medo obrigou-nos a parar novamente, tal como os aviões contra as Torres Gémeas de surpresa e de supetão, sem ninguém contar, apareceu um vírus que muda a nossa maneira de estar, só que desta vez nós somos o veículo que o faz circular e as multidões são os tais aviões que destroem, destroem a saúde, destroem a economia, destroem o toque entre nós.

Estamos a viver há meses o nosso medo, este deve-nos tornar corajosos, devemos ter coragem de tomar as atitudes certas, deixarmo-nos de lamúrias tão ao nosso jeito de portugueses, o estarmos fartos não resolve nada, só torna tudo mais difícil, devemos ser pró-activos e empreendedores, atitudes tão em moda mas que não devem ser só palavras, fundamentalmente cuidadores da nossa saúde e dos outros, fazendo o que já todos sabemos e aprendemos, para combater e conseguir sair desta “guerra biológica” com o menor dano possível.

Agora que tudo indica que a pandemia está no caminho da endemia e  se continuarmos a manter alguns ensinamentos, tudo indica que possamos voltar ao toque entre as pessoas, em respirar  mais livremente, voltar a viver sem tantas restrições que nos faziam ter medo dos outros.


Fernanda Drumond

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