Este ano retomei a tradição de fazer o que pomposamente chamo “as minhas bolachinhas de natal”, já que é só nesta época do ano que me dedico a esta tarefa, e porque a sua cozedura envolve a casa num aroma maravilhoso de especiarias, que tanto me faz lembrar o natal da minha infância.
Feitas as bolachas, houve que as embalar em caixinha próprias para o efeito, pois grande parte destinava-se a oferecer às/aos colegas e amigas/os que durante o ano, de uma forma ou de outra, me ajudaram e merecem o meu apreço.
Até aqui nada diferente do que tantas pessoas farão nesta época do ano. No entanto, a diferença provavelmente estará no que senti ao entregar a minha simples prenda aos destinatários: Uma alegria desmedida pela partilha de algo muito simples, mas feito por mim, especialmente para, entre outros, a Idalina, o Fernando, o Mateus, a Cristina, a Lizandra e o Jorge, ou sejam, telefonistas, condutor, assistentes operacionais e informático que tantas e tantas vezes me socorre durante o ano.
Estou convicta de que apreciaram o meu gesto, mas o importante foi o que senti ao entregar a cada um a caixinha com o seu nome. Isso sim, encheu-me o coração, e de tal maneira que tornou demasiado intensa a lembrança da minha querida mãe, e da alegria que nos transmitia enquanto preparava, sob o olhar complacente do meu querido pai, um número interminável de prendinhas para todas as pessoas que entendia que mereciam a sua especial atenção no natal. Eram médicos, enfermeiras/os, auxiliares, secretárias do serviço hospitalar onde tivesse estado internada, e até a assistente do consultório de determinado médico que, segundo ela, tinha sido muito simpática em determinado dia de consulta. Lembro-me de várias vezes lhe dizer “mãe, a lista está a atingir um número incomportável. Não acha que devia acabar com isto?” ao que me respondia: “Enquanto for viva, é isto que farei. E tu, filha, um dia vais perceber que há uma etapa da vida em que nos sentimos muito mais felizes em dar do que em receber”. Rendia-me à evidência, e lá continuava eu a embrulhar paninhos de pão, de tabuleiro ou outros, feitos por ela durante o ano para mimar os seus destinatários no natal.
Hoje senti exatamente essa alegria, e o meu coração encheu-se ainda mais (se isso é possível), de amor, por esta mulher, serena e generosa, com um coração do tamanho do mundo, que tanta e tanta falta me faz, mas cujo legado merece o meu eterno agradecimento.
Não gosto da azáfama das compras e dos preparativos do natal. Não gosto dos jantares com grupos que durante o ano quase nem se falam, mas que só porque é Natal, quase se abraçam uns aos outros. O Natal, para mim, está no sorriso de uma criança, no brilho do olhar de um colega que não esperava ser mimado, na partilha de algo que fará a diferença na vida de uma pessoa ou de uma família.
Se o Natal é partilha e amor, então, este ano, só hoje o comecei a viver.
Feliz Natal!
Ana Toste
Feliz Natal para ti e família. Beijinhos
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