Azáfama e mais azáfama. Sinto no ar um borbulhar de excitação. Vejo o comércio a dar já os primeiros passos no que toca ao Natal. Vejo as pessoas a tentarem marcar os seus almoços e jantares convívio. Sinto a canalização de pensamentos para as hipóteses de férias de Natal e fim de ano.
Eu, estou num processo delicado. Quase que estas datas me estão a passar ao largo. As minhas prioridades, por razões pessoais, passaram a ser outras e a frase tão frequentemente utilizada “viver um dia de cada vez”, está a fazer mais sentido nesta altura da minha vida.
Não quero que me interpretem mal. Se calhar já fiz durante muitos anos parte do grupo que acima assinalo, discordando neste momento.
Actualmente vejo que nós os adultos estamos a ser pressionados pelos jovens e crianças, quando verifico que há uma insatisfação e impaciência constante e total neles. Querem muito uma coisa, para logo a seguir já querer outra. Acabaram de chegar a um local e já estão a perguntar se vão demorar muito ali.
Do que consigo lembrar-me da minha infância no que toca a este tipo de comportamento, eu cheguei a ter atitudes semelhantes, mas em viagens de carro. Para mim eram sempre longas. Estava sempre a perguntar se faltava muito para chegarmos.
De tanta insistência, ou porque o nosso entretenimento naquele tempo era outro, começámos a inventar algumas brincadeiras que atenuassem a demora da viagem.
Lembro-me de, em dia em que havia nuvens no céu, tentarmos dar-lhe forma e dizermos o que víamos representado no céu. Posso dizer-lhes que ia de animais a objectos e era bastante engraçado como dávamos largas à nossa imaginação.
Lembro-me também de, com base nas letras das matrículas dos poucos carros que iam passando, irmos dizendo nomes de pessoas, ou de cidades, ou de animais ou ainda de cantores e actores famosos. Quem repetisse o que já havia sido dito, ficava de fora até se encontrar um vencedor.
Lembro-me ainda de alguma batota que os pais faziam para que nós fossemos ganhando os diferentes jogos e assim o tempo fosse passando sem que nos apercebêssemos.
Que pena ter-se perdido este tipo de actividade em detrimento doutras menos benéficas ao desenvolvimento das crianças e jovens e sobretudo em detrimento da sã comunicação familiar.
Hoje é quase tudo diferente. Passa-se para as mãos das crianças, desde tenra idade, um telemóvel ou um Ipad e assim eles já estão entretidos.
O falso silêncio que se instala, faz em meu entender, um “ruído” enorme. Dá que pensar.
MVFreitas
Boa noite. Revejo-me em cada ponto referido. A azafama que se instala por esta altura, a sagacidade de ter e fazer as coisas, a pressa e a insatisfação! Há pouco tempo mudei de casa e dei por mim a apreciar coisas que até então não tinha: o sol a nascer, o sol a pôr-se, a vista que tenho sobre várias cidades.... Acordar de manhã e vir à varanda sentir os primeiros raios de sol não tem preço mas é de um valor incalculável!
ResponderEliminarVou fazendo o que posso e o que consigo mediante o tempo que tenho e a capacidade física que tenho. Garanto sempre um pouco de tempo de descanso por dia: sem fazer rigorosamente nada! NADA! Pensar no vazio e no abstrato, parar de raciocinar, desfazer-me de pensamentos.
Creio que tudo na nossa vida serão fases: tal como num jogo com vários níveis de dificuldade! Tudo passa e nunca sabemos se a próxima será mais fácil ou mais difícil, mas passa! Assim é a vida!
Vamos caminhando com fé e paciência em cada fase da nossa vida!