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INTERRUPÇÃO NÃO PROGRAMADA

A NOSSA MOCHILA

 

Como é do conhecimento de cada um de nós, somos um conjunto de genética e de hereditariedade. Somos resultado do meio onde estamos inseridos e onde nos vamos moldando. 

Há um conjunto de experiências que nos marcam positivamente ou negativamente. Um emprego de sonho, ser pai / mãe, escrever um livro, atingir um objetivo a que nos propomos são exemplos disso mesmo. 

E o que dizer de tudo o que guardamos após o vivenciar de uma experiência? 

Em setembro entreguei a minha dissertação de mestrado para avaliação e posteriormente ser defendida publicamente. E que experiência! Terminei a sua elaboração e com isso veio o balanço: exausta, mas com o dever cumprido! Foi um objetivo a que me propus e consegui. 

Foi difícil. Desistir surgiu muitas vezes como a única solução. Trabalhar e estudar numa fase tão avançada como é um mestrado e com tudo o resto que a vida nos obriga a fazer é deveras aliciante. Noites muito mal dormidas, sonhos com partes de capítulos, refeições nada saudáveis e muitas vezes deixadas de lado, privação de sono e de estar com a família, deixar encontros com amigos adiados e muitas vezes cancelados, férias acompanhadas de muita leitura e com o computador na bagagem… todos os dias existia o pensamento: e falta esta informação, falta este capítulo, falta este autor….

A orientação foi difícil e com muitas incompatibilidades. Socorri-me de colegas e de toda a gente que me ajudou sem recusa e sem olhar a tempo gasto com este projeto. Tenho muito que agradecer a quem esteve ao meu lado: a quem me ajudou academicamente, a quem me deu uma palavra de apoio e de motivação e até a quem dizia que não ia conseguir. Sim. As pessoas que não acreditam em nós também são importantes para nos fazer colocar os pés no chão e aliciar a fazer mais e melhor! 

Falta mais uma importante etapa: a defesa em prova pública! Esse passo não será mais fácil, mas comparando com o percurso feito até aqui, será sem sombra de dúvidas, bem mais acessível a todos os níveis. Dado o controlo da pandemia pela qual atravessamos, será em formato presencial e com toda a certeza que poderei rever pessoas que já não vejo há algum tempo e decerto quererão acompanhar este grande passo da minha vida que é finalmente ser mestre em Educação Académica e Clínica. 

Este vai ser mais um elemento a carregar na minha mochila que por si já vem recheada de tudo um pouco. 

Como lição de vida, posso assumir que venho bem mais rica, não pelo em canudo apenas, mas por toda a árdua vivência neste tempo. Percebi que foi só mais uma etapa que envolveu uma luta brutal e desafiante. Venho mais rica de conhecimento das pessoas, de conhecimento de prioridades, de amizades que nasceram e outras que se fortaleceram, de relativização de prioridades: passei a dar muito mais valor ao descanso, a uma boa refeição e ao sossego que perdi durante uns tempos. Agora é ainda tempo de me ir recompondo e preparar a minha apresentação. 

Só carrego na minha mochila os meus problemas, os meus desafios e as coisas que de facto posso suportar. Tirando isso, os problemas que não são meus e nos quais não tenho qualquer intervenção, tenho que passar para outra mochila! 

E vocês? Terão demasiado peso na vossa mochila? Terão coisas que não são vossas? 

Mjsoares 

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