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INTERRUPÇÃO NÃO PROGRAMADA

FUI CUIDADORA (parte II)

Passaram mais alguns anos. 

A irmã dela e, portanto, do meu pai, adoeceu com gravíssimos problemas de coração. Era viúva e não tinha filhos. Quem tratava dela? Eu.

Veio viver para minha casa, tinha medo de ficar em casa dela sozinha e ninguém a poder socorrer. Já a viver comigo teve um AVC ligeiro. Foi internada. Descobriram por acaso que ela tinha um tumor num peito. Foi operada. Era maligno. Entretanto teve um segundo AVC. Foi internada. Faleceu pouco tempo depois. 

Restava o meu pai. Estas duas irmãs e os outros irmãos já tinham todos falecido. 

O meu pai tinha tido um ligeiro AVC há alguns anos mas estava relativamente bem. 

Só que entretanto detectou-se um linfoma. Foi tudo muito rápido. O meu pai também vivia comigo. Em casa tentamos tudo mas teve de ser internado. Esteve bastante tempo no hospital de São João e saiu de lá directamente para uma unidade de cuidados continuados onde veio a falecer. 

O intervalo entre cada um  destes quatro falecimentos foi de cerca de dois anos. Excepto a minha mãe que faleceu há 39 anos. 

Se me perguntarem como aguentei, não sei. 

Eu trabalhava e em paralelo tive de cuidar destes quatro entes queridos. 

Faria tudo de novo. 

A ama era também uma pessoa quase da nossa família, muito querida. 

As minhas tias eram muito fáceis de tratar. Confiavam em mim. E eu adorava as. 

O meu pai era um doce. Muito meu amigo. Sempre foi. Era um amor de pai. 

Tenho muitas saudades da minha mãe e do meu pai e continuo a chorar por eles. 

Que estejam todos em paz e, se falhei nalguma coisa, que me perdoem e que peçam a Nosso Senhor por mim e pela minha família. 

ES

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