Avançar para o conteúdo principal

RESULTADO DUMA QUEDA... PARAGEM FORÇADA E OBRIGADA

O FILHO

Como já é hábito, penso muito sobre tudo o que vivo e presencio. Em conversa com uns amigos, tocou-se num ponto importante para muitos deles: os filhos e a sua independência. 

O que é que se falou? Pois bem, o desejo dos pais é que a criação da sua descendência seja feita com o objetivo de os tornar independentes e autónomos. Resultado: identificou-se um problema com várias razões subjacentes: os perigos, os caminhos longínquos para a escola – centro de estudos – piscina – karaté – e todas as atividades que os seus filhos frequentam. É de facto complicado fazer face a todas estas necessidades. E há 30 anos como era? Havia menos atividades nos períodos pós-escolar; havia (?) mais avós disponíveis porque também eles vinham mais cedo para casa reformados; havia mais tempo – não havia redes sociais. 

As redes sociais têm muitas vantagens quando são usadas em prol das nossas reais necessidades: procura de emprego através de publicidades e anúncios, saber da perda de alguém que já nos foi próximo, saber de situações que possam vir a acontecer perto da nossa residência e outros. Por outro lado, as redes sociais tomam tempo, criam necessidades e criam comportamentos consumistas e sentimentos de incapacidade por vermos coisas e situações que nem sempre estão ao nosso alcance. 

E falo das redes sociais por um fator muito importante: os filhos dos outros aparecem sempre em fotos que demonstram boas roupas, bons acontecimentos, ostentação e muito bom comportamento. Isto não é a vida real. 

As crianças de hoje, sofrem da falta de tempo por parte dos pais e cuidadores: educar exige tempo e paciência. Ao final do dia, estes dois já quase são inexistentes. A vida corrida, as tarefas diárias e a vida profissional cada vez mais exigente fazem com que seja mais fácil os pais fazerem as coisas e não ensinar os filhos a fazerem. 

Isto acontece com a organização das suas coisas para irem dormir ou a preparação para o dia seguinte, ensinar a fazer tarefas (em conformidade com a sua idade), em responsabilização de ações como lavar os dentes, a atravessar a rua, a escolherem a sua roupa e vestirem-se e podia continuar a enumerar várias outras. 

O real problema: como vão ser os adultos de amanhã? O tédio que sentia em criança, fazia-me inventar brincadeiras, havia amigos reais com quem se falava e comunicava; hoje, as crianças comunicam através de aparelhos e mal sabem articular uma conversa (há exceções!). Se em criança não se fomenta a criatividade para invenções e para resolução de problemas, vai ser em adultos que se vai fazer? 

Tudo parece mais fácil quando se facilita a vida aos mais pequenos, mas isso não é preparação para o mundo lá fora. 

Sugiro então, desligarmos do mundo lá fora numa semana e começar a preparar os adultos de amanhã de outra forma. E sempre com carinho e amor porque a vida, não ensina da mesma forma!

Sejamos educadores sensatos e atentos! 

mjsoares


Comentários

Mensagens populares deste blogue

QUANDO PERCEBES QUE NÃO HÁ VOLTA A DAR

 “A Sra. é tal e qual a minha avozinha. Ela não sai de casa sem os seus adereços. É uma querida, mas muito vaidosa”. É com esta frase que uma jovem técnica me presenteia, enquanto aguarda que eu conclua a tarefa desesperada de tirar os brincos e o colar, cujo fecho teima em não abrir. Eu, a paciente que irá fazer uma radiografia dentária. Ela, a técnica que a fará. Eu, uma mulher madura de 66 anos, convencida, até àquela hora, que em nada os aparentava. Ela uma jovem radiante nos seus 20 e poucos anos de idade. Avozinha? Eu, avozinha e mais ainda, vaidosa…   Reparem que não me comparou à sua avó. Fê-lo em relação à sua avozinha, o que para mim corresponde a bisavó.  Não faço qualquer comentário, mas lembro-me imediatamente do que brinquei com a minha amiga Fernanda, mais velha que eu 3 anos, quando me contou que, após completar os 65 anos de idade, tinha ido comprar o passe mensal para o comboio, e ao querer entregar o cartão de cidadão ao funcionário que a atendia, para que fizesse pr

MERCEDES?

Mercedes? No café em Lisboa, vejo uma senhora já com a sua idade que provavelmente se chama Mercedes, a tratar das cartas que lhe chegaram a casa ou não.  Ao mesmo tempo fuma um cigarro que colocou delicadamente no cinzeiro enquanto organiza as cartas, quiçá mais contas para pagar, outro corte na reforma. Talvez sejam as cartas de um neto emigrado a mandar beijinhos com carinho para não usar o WhatsApp. Acabou de arrumá-las e voltou a pegar no seu cigarro, marca Rothmans. Fuma-o e pensa. Será que pensa nas cartas? No calor que está? No tabaco que está caro? Ou estará a fazer uma retrospetiva da sua vida? Que Lisboa não é a mesma que conheceu; A pensar no seu primeiro amor; No sua avó, no seu avô;  no primeiro gira discos que comprou e que pagou 40 contos? no seu primeiro cigarro? Dá um gole na sua água e acende outro cigarro Rothmans. Estou numa mesa a menos de 3 metros desta senhora que não passa de uma suposição minha que se chama Mercedes. Será feliz? Devo admitir que tem muita clas

EU E OS MEUS TÉNIS PARA QUASE TODAS AS OCASIÕES

  Preciso de uns ténis para todas as ocasiões, ou quase todas, é um pensamento que me ocorre, especialmente quando, por não os ter, tenho de usar sapatos de salto, que me fazem sofrer horrores nas ocasiões que a isso obrigam. Tenho ténis de várias formas e cores, mas faltam-me os tais. Aqueles que vês nas páginas de publicidade das revistas de moda, e que pensas que, um dia, se puderes, os vais comprar. É então que na minha última viagem a Lisboa, passo por uma sapataria, e vejo em destaque, exatamente os ténis com que venho a sonhar desde há muito. Paro de imediato, e procuro ler o preço que está num talão muito pequenino, como que meio envergonhado, junto do artigo pelo qual já me apaixonei. Por este preço nem pensar, só se estivesse doida, penso eu, e sigo em frente, apesar de a algum custo. Nos dias seguintes e porque o trajeto me faz passar diariamente pela mesma sapataria, vou vendo que eles continuam no mesmo sítio. Lindos de morrer… penso eu todos os dias. Mas, por aquele preço