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MERCEDES?

A MÃE

Diz o provérbio, ou dito dos tempos, que "Mãe há só uma".

Cada um tem ou teve a sua, mas todos temos uma Mãe que partilhamos conforme as nossas crenças ou necessidades.

Depois de escrever sobre "Nova Iorque" a propósito da COVID-19, não é fácil escrever sobre a mãe.

Acho que um dos nossos maiores medos, na vida, é perder a mãe.

A minha, com 86 anos de idade, diz-me muitas vezes que nós não somos de cá.

Ouvimos isto e outras baboseiras e fingimos e aceitamos que a vida é assim mas, na verdade, todos queremos continuar por cá.

Hoje, 16 de Janeiro de 2021, resolvi escrever sobre este tema porque se cumpre mais um aniversário - 86º - da minha e, mesmo com as limitações vigentes, consegui almoçar com ela e cantar-lhe os parabéns em conjunto, via internet, com alguns dos netos e bisnetos.

Foi o aniversário possível este ano, porque nos anos anteriores tem sido possível juntar à mesma mesa os quatro filhos e suas respectivas famílias.

É humano, é aceitável, é reconfortante e todos dizemos que para o ano será melhor.

Esta pandemia, tal como as anteriores, veio ensinar-nos que, afinal, amanhã pode ser muito diferente e pode ser muito pior.

É da natureza humana e da nossa racionalidade acreditarmos que temos a capacidade de melhorar as coisas e ainda bem que assim é, pois, de outro modo, o mundo seria ainda mais miserável.

Não é meu hábito ser tão negativista, mas hoje e com o tema que escolhi não poderia ser de outro modo.

Os nossos ascendentes atingem determinados patamares na idade em que acham (todos vamos lá chegar) que sabem tudo e que só como eles fazem é  que está certo.

Não deixa de ser verdade, mas para nós é sempre um desespero eles não aceitarem os conselhos dos descendentes e das pessoas que já adquiriram conhecimentos científicos suficientes para os elucidar e indicar os melhores caminhos.

Todos já passamos, uns mais e outros menos, por estas situações e, na área da saúde, dos médicos, dos medicamentos e suas  tomas atempadas e seus prazos de validade, isto é frequente e mais preocupante nos tempos que correm.

Tenho ouvido dizer que as sequelas da COVID-19 podem ser graves ou muito graves e que afectam uma percentagem muito elevada dos infectados (mais de 60%).

É por tudo isto que falar da mãe hoje é obrigatório falar da COVID-19. Porque nós temos receio, como eles já tiveram por nós, de que não sigam os nossos conselhos e facilitem nestes tempos tão difíceis.

Estamos em confinamento geral obrigatório, com as excepções conhecidas. Todos temos sempre algo a dizer, a maior parte das vezes sem razão.

Hoje, por acaso, encontrei um conhecido motorista de autocarro e perguntei-lhe, ignorantemente, se estava a trabalhar ou se a empresa ia entrar em lay-off. Qual foi a resposta? -" Nós temos de transportar os alunos para as escolas!"

Talvez isto ajude a que entendamos a razão pela qual este confinamento é diferente e pareça que estamos a levar uma vida quase normal.

O objectivo do confinamento é para todos aqueles que podem e precisam de ficar em casa, entre eles, os mais velhos, os mais debilitados e todos os que "não têm cão para passear..."

Todos os outros, mantenham o distanciamento físico, lavem as mãos e usem a máscara.

O Carnaval está cada vez mais perto...


Justino Soares


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