A história de uma vida não é a mesma coisa que a vida de uma história.
Por isso, há os testemunhos de vida que mais não são do que retalhos, resumos das coisas, dos acontecimentos que mais influenciaram os nossos sentimentos e emoções no nosso percurso.
Nova Iorque é o título para este testemunho sobre uma superação do SARS-COV2 e da respectiva doença COVID-19.
Em finais de Novembro último, quase a completar 65 anos e 1 mês de vida, apareceram-me sintomas de extremo cansaço, prostração e febre.
Seguimos os trâmites normais nestas situações, recorremos à Saúde24 e em 2 dias tinha saído o resultado: POSITIVO PARA COVID-19.
Isolamento, confinamento, tratamento em casa, mas a febre e o cansaço não davam sinais de abrandamento.
Dia 8 de Dezembro. Dia da Imaculada Conceição - Mãe das mães.
INEM, Urgência Hospital de S. João e Internamento.
Eis-me chegado ao tema deste testemunho. Nova Iorque. Não conheço a cidade, a metrópole, o país, mas sabemos da grandiosidade, do movimento, da luta pela vida dos mais de 10 milhões e da luminosidade.
Pois entrar na UCI do Hospital de S. João no dia 8 de Dezembro foi como chegar a Nova Iorque.
Luzes, movimento, luta pela vida contra a morte.
Deitado numa cama, acordado a maior parte do tempo e de forma sofrida mas clarividente a acompanhar o trabalho incessante de homens, mulheres e máquinas, atiraram-me para Nova Iorque, principalmente pela parte noturna onde os efeitos digitais e eléctricos são mais evidentes.
Da minha cama nº 8 eu podia acompanhar quase tudo o que acontecia. Cada cama/local é um conjunto que me atrevo a intitular de monstruoso com a quantidade de aparelhos, écrans, tubos, cateteres, agulhas, seringas, medições, auscultações, perguntas constantes de médicos e enfermeiros, acompanhado diariamente de serviços de higiene pessoal, alimentação, etc.
Nestas situações qualquer doente fica literalmente sem nada.
Hoje, poderei dizer que vivi 13 dias em que o meu único bem patrimonial era um par de óculos que eu ia utilizando para ler e analisar os monitores que se encontravam atrás da minha cama.
Posso também dizer que, depois desse tempo, afinal eu era muito mais rico pois as minhas "acções" pela vida valorizavam a cada dia e agora, passado quase um mês, posso dizer, quase garantidamente que a UCI do Hospital de S. João é muito melhor do que Nova Iorque.
Eu dizia, antes de ter sido infectado, que deveríamos ter respeito, e não medo, por este vírus de que todos falam e provavelmente poucos acertam.
Não se fragilizem. Façam vidas regradas que permitam manter todas as vossas resistências activas.
Muitas palavras de agradecimento para todos aqueles que diariamente se levantam para cuidar de todos nós que, por qualquer motivo, têm de passar alguns dias em Nova Iorque.
Protejam-se. Mantenham a distância física porque a social já a têm há muito... Lavem as mãos frequentemente, higienizem locais que utilizam mais vezes - carros, mesas, cadeiras, etc. Se puderem usem luvas descartáveis. E usem máscara. Sempre.
Afinal, o Carnaval é já em fevereiro. Cuidem-se.
Justino Soares
Muito obrigada por tão importante testemunho em momento tão difícil para todos nós. Bem-haja.
ResponderEliminarObrigada pai pela luta. Obrigada pai por te teres agarrado à vida! Estavamos todos confiantes e a torcer que ias vencer! Obrigada obrigada
ResponderEliminarAmo-te muito!
A passagem pelo hospital, em qualquer situação, muda sempre a nossa vida... ir a Nova Iorque também é uma boa experiência capaz de mudar uma vida :) Desejo-lhe uma boa continuaçao de recuperação!
ResponderEliminarA passagem pelo hospital, em qualquer situação, muda sempre a nossa vida... ir a Nova Iorque também é uma boa experiência capaz de mudar uma vida :) Desejo-lhe uma boa continuaçao de recuperação!
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