Avançar para o conteúdo principal

RESULTADO DUMA QUEDA... PARAGEM FORÇADA E OBRIGADA

A EXPERIÊNCIA DA MATERNIDADE “A DOIS”… Conclusão


Desde que a bebé nasceu o apoio, quase sempre à distância e com visitas, dizia eu de médico, foram uma realidade diária na nossa vida o que, de alguma forma também me impedia de viver…
Passamos por legalizar a custódia da Sofia no Tribunal (que me custou horrores porque nunca imaginei vivê-lo, mas que hoje percebo que é um processo normal e que deve ser enfrentado com toda a maturidade, naturalidade, seriedade e, de preferência com pouco sentimentalismo a não ser pelos nossos filhos. Aí sim, todo!) para a poder colocar numa escola com apoio do estado. Precisei expor-me numa instituição e sujeitar-me a ouvir que “como poderiam acreditar que o que eu estava a dizer era verdade se, todos os dias alguém vinha com uma situação idêntica?” Nesta última, até a uma assistente social tive de ir e, ainda bem porque foi a única pessoa que me tratou bem nesta instituição. Sem pena e, com garra de ajudar! (Como diria uma grande Senhora que tenho o privilégio de conhecer, “todos escrevem na nossa vida ainda que a lápis e, mesmo apagado deixam a sua sombra”. Quero dizer com isto que nunca mais me esqueci desta senhora, até da sua fisionomia).
Partilhar convosco que o apoio até aos 3 anos de noites sem dormir foi zero (A não ser da minha família) porque o pai da Sofia defendia que a lei até aos 3 anos protege as mães e filhos e que eles devem estar com a mãe a tempo inteiro até lá. Enfim! Deixei de lutar contra isto e foi o melhor que fiz.
Apoiou-me unicamente e, que nunca esquecerei e sempre serei muita grata, numa fase em que a Sofia rejeitava vestir-se, calçar-se, comer, batia-se, batia-me e, foi a única altura em que até aos 3 anos dela me lembro que a levou a meu pedido uma semana para eu tentar perceber se o problema era comigo ou, meu.
Várias vezes eu e, o Amor da Minha Vida (esta filha maravilhosa de que vos falo) fomos o amor e ódio quase diariamente. Vivíamos tudo juntas, sem grandes alegrias, achava eu! Não permitia que ela brincasse muito porque desarrumava e quando terminava lá ia eu arrumar… A necessidade de não perder o controle das coisas era tanta, em tudo, que acabei por, com uma profunda tristeza minha, nos escusar de viver melhor, de brincar mais vezes juntas! 
Mas sabem uma coisa, hoje tenho a certeza de que a Sofia é a filha que Deus tinha para mim em todo o tempo. Apesar de tudo sempre foi feliz, nunca senti cobrança da sua parte ou tristeza até mesmo quando partilho isto de não brincar muito com ela e, hoje quase a entrar na adolescência e com as coisas difíceis inerentes a esta idade, é a companheira, é a pessoa que muitas vezes me diz “mamã tu tem calma não grites já, deixa me acabar de falar” 😊
Meus queridos resumidamente a minha relação com o pai da Sofia é até hoje o melhor possível, a ponto de alguns pais nas reuniões e festas dos meninos nem perceberem que não estamos juntos! É difícil? Muitas vezes, mas sempre tivemos como foco principal a Sofia e o seu bem-estar e, por isso fazemos o melhor que achamos e que sabemos fazer.     
O pai da Sofia quis voltar um dia e, unicamente por amor próprio disse-lhe que seguisse a vida dele porque basicamente, ainda que arrependido a única coisa que me conseguiu dizer, porque não é uma pessoa que facilmente exteriorize sentimentos, foi que tinha uma namorada e que ou dava o passo de ir viver com ela ou, se eu lhe perdoasse ficava connosco que era o que queria. Confesso que eu achei que ainda que eu dizendo que não ele ia insistir e ficaria, mas não tinha de ser assim.  Sei que hoje está muito arrependido e, que carrega esse peso com muita pena minha. Preferia que não sentisse este arrependimento porque tenho a certeza por situações pessoais minhas também que, arrependermo-nos de coisas grandes como estas nos trazem muito sofrimento, mas também não posso fazer nada, filha só tenho uma (também aprendi com aquela grande Senhora de que vos falei anteriormente 😉).
É um pai presente, atento, preocupado e hoje tem mais uma filha desse relacionamento com quase 8 anos. 
Tudo tem um propósito e um caminho e, o nosso foi cumprido ainda que com sofrimento. Posso afirmar que a minha filha é tratada por esta família sem qualquer distinção da irmã, muito pelo contrário. Por isso só posso ser grata por tudo!
Se esqueci? Não e, mudou a minha vida completamente! 
Se mudou para sempre? Quero acreditar que não. 
Hoje tenho a certeza de que existem coisas que com toda a certeza não faria ou farei. Todos estes e muitos mais ensinamentos que a vida nos transmite de formas nem sempre fáceis e entendíveis são simplesmente, a meu ver oportunidades de corrigirmos ou de querermos ser melhores. Eu demorei sensivelmente 6 anos, com acompanhamento médico em determinados momentos para recuperar e feri outros pelo caminho mas, continuo na certeza que a quem eu tiver que pedir desculpa e ainda não o tiver feito, a vida encarregar-se-á de o permitir que o faça Ao pai da Sofia já perdoei de coração e à sua família (mãe) também. A certeza que tenho é que se queremos seguir em frente, não podemos agarrar-nos ao que está lá atrás. 
NUNCA DESISTAM DE SER FELIZES eu, ainda hoje luto por isso!
Nair

Comentários

Mensagens populares deste blogue

QUANDO PERCEBES QUE NÃO HÁ VOLTA A DAR

 “A Sra. é tal e qual a minha avozinha. Ela não sai de casa sem os seus adereços. É uma querida, mas muito vaidosa”. É com esta frase que uma jovem técnica me presenteia, enquanto aguarda que eu conclua a tarefa desesperada de tirar os brincos e o colar, cujo fecho teima em não abrir. Eu, a paciente que irá fazer uma radiografia dentária. Ela, a técnica que a fará. Eu, uma mulher madura de 66 anos, convencida, até àquela hora, que em nada os aparentava. Ela uma jovem radiante nos seus 20 e poucos anos de idade. Avozinha? Eu, avozinha e mais ainda, vaidosa…   Reparem que não me comparou à sua avó. Fê-lo em relação à sua avozinha, o que para mim corresponde a bisavó.  Não faço qualquer comentário, mas lembro-me imediatamente do que brinquei com a minha amiga Fernanda, mais velha que eu 3 anos, quando me contou que, após completar os 65 anos de idade, tinha ido comprar o passe mensal para o comboio, e ao querer entregar o cartão de cidadão ao funcionário que a atendia, para que fizesse pr

MERCEDES?

Mercedes? No café em Lisboa, vejo uma senhora já com a sua idade que provavelmente se chama Mercedes, a tratar das cartas que lhe chegaram a casa ou não.  Ao mesmo tempo fuma um cigarro que colocou delicadamente no cinzeiro enquanto organiza as cartas, quiçá mais contas para pagar, outro corte na reforma. Talvez sejam as cartas de um neto emigrado a mandar beijinhos com carinho para não usar o WhatsApp. Acabou de arrumá-las e voltou a pegar no seu cigarro, marca Rothmans. Fuma-o e pensa. Será que pensa nas cartas? No calor que está? No tabaco que está caro? Ou estará a fazer uma retrospetiva da sua vida? Que Lisboa não é a mesma que conheceu; A pensar no seu primeiro amor; No sua avó, no seu avô;  no primeiro gira discos que comprou e que pagou 40 contos? no seu primeiro cigarro? Dá um gole na sua água e acende outro cigarro Rothmans. Estou numa mesa a menos de 3 metros desta senhora que não passa de uma suposição minha que se chama Mercedes. Será feliz? Devo admitir que tem muita clas

EU E OS MEUS TÉNIS PARA QUASE TODAS AS OCASIÕES

  Preciso de uns ténis para todas as ocasiões, ou quase todas, é um pensamento que me ocorre, especialmente quando, por não os ter, tenho de usar sapatos de salto, que me fazem sofrer horrores nas ocasiões que a isso obrigam. Tenho ténis de várias formas e cores, mas faltam-me os tais. Aqueles que vês nas páginas de publicidade das revistas de moda, e que pensas que, um dia, se puderes, os vais comprar. É então que na minha última viagem a Lisboa, passo por uma sapataria, e vejo em destaque, exatamente os ténis com que venho a sonhar desde há muito. Paro de imediato, e procuro ler o preço que está num talão muito pequenino, como que meio envergonhado, junto do artigo pelo qual já me apaixonei. Por este preço nem pensar, só se estivesse doida, penso eu, e sigo em frente, apesar de a algum custo. Nos dias seguintes e porque o trajeto me faz passar diariamente pela mesma sapataria, vou vendo que eles continuam no mesmo sítio. Lindos de morrer… penso eu todos os dias. Mas, por aquele preço