Avançar para o conteúdo principal

RESULTADO DUMA QUEDA... PARAGEM FORÇADA E OBRIGADA

OS NOSSOS PAPÉIS


Cedo aprendi que cada um de nós é muito mais do que os nossos genes nos fornecem. Somos fruto do que vivemos em maior escala do que o que a hereditariedade faz por nós. 
Certo: os nossos genes são importantíssimos para definir as nossas características físicas e traços visíveis como a altura, estrutura, cor de olhos e cabelo e formato das unhas. Estas características são únicas e apenas nossas. 
Como chegamos daqui ao desenrolar dos nossos vários papéis que vamos assumindo ao longo da vida? Tendo pais, somos filhos. Havendo irmãos, somos irmãos e podemos ir subindo na árvore genealógica. Alguns dos nossos papéis são-nos ensinados e passados pelos nossos educadores primários. Outros, ninguém nos ensina nem transmite. 
Ao longo da vida, vamos escolhendo conforme queremos mostrar-nos perante os outros. Vamos investindo no que consideramos importante e mais benéfico: estudar ou não, ser informado ou não, ser curioso ou não. É exatamente neste ponto que definimos os nossos papéis -  estudamos, temos colegas de estudo; se trabalhamos, temos colegas de trabalho; se praticamos algum desporto de equipa, temos os nossos colegas de equipa. Então, assim sendo, nas aulas, no trabalho e por onde vamos andando vamos desenvolvendo e ajustando os nossos comportamentos. 
Não é expectável que nos comportemos sempre igual em todo o lado nem com todas as pessoas. O que define isto? É a nossa capacidade de adaptação, socialização perante os outros, perante os objetivos da comunidade e perante a formação da consciência social a partir das relações sociais. 
Quando as nossas ações se encontram desajustadas, entramos em conflito. Por um lado, motivados por interferências ou influências externas que nos conduzem a comportamentos nos quais não nos revemos, ou por outro lado, quando somos levados a mudar a forma como desempenhamos o mesmo papel que anteriormente fazíamos com justificação de “sobrevivência”.
Qual o papel mais difícil que já desempenhamos? Qual o papel que passamos a desempenhar que se considera contra-natura? O que tivemos de ajustar?
MJ

Comentários

Mensagens populares deste blogue

QUANDO PERCEBES QUE NÃO HÁ VOLTA A DAR

 “A Sra. é tal e qual a minha avozinha. Ela não sai de casa sem os seus adereços. É uma querida, mas muito vaidosa”. É com esta frase que uma jovem técnica me presenteia, enquanto aguarda que eu conclua a tarefa desesperada de tirar os brincos e o colar, cujo fecho teima em não abrir. Eu, a paciente que irá fazer uma radiografia dentária. Ela, a técnica que a fará. Eu, uma mulher madura de 66 anos, convencida, até àquela hora, que em nada os aparentava. Ela uma jovem radiante nos seus 20 e poucos anos de idade. Avozinha? Eu, avozinha e mais ainda, vaidosa…   Reparem que não me comparou à sua avó. Fê-lo em relação à sua avozinha, o que para mim corresponde a bisavó.  Não faço qualquer comentário, mas lembro-me imediatamente do que brinquei com a minha amiga Fernanda, mais velha que eu 3 anos, quando me contou que, após completar os 65 anos de idade, tinha ido comprar o passe mensal para o comboio, e ao querer entregar o cartão de cidadão ao funcionário que a atendia, para que fizesse pr

MERCEDES?

Mercedes? No café em Lisboa, vejo uma senhora já com a sua idade que provavelmente se chama Mercedes, a tratar das cartas que lhe chegaram a casa ou não.  Ao mesmo tempo fuma um cigarro que colocou delicadamente no cinzeiro enquanto organiza as cartas, quiçá mais contas para pagar, outro corte na reforma. Talvez sejam as cartas de um neto emigrado a mandar beijinhos com carinho para não usar o WhatsApp. Acabou de arrumá-las e voltou a pegar no seu cigarro, marca Rothmans. Fuma-o e pensa. Será que pensa nas cartas? No calor que está? No tabaco que está caro? Ou estará a fazer uma retrospetiva da sua vida? Que Lisboa não é a mesma que conheceu; A pensar no seu primeiro amor; No sua avó, no seu avô;  no primeiro gira discos que comprou e que pagou 40 contos? no seu primeiro cigarro? Dá um gole na sua água e acende outro cigarro Rothmans. Estou numa mesa a menos de 3 metros desta senhora que não passa de uma suposição minha que se chama Mercedes. Será feliz? Devo admitir que tem muita clas

EU E OS MEUS TÉNIS PARA QUASE TODAS AS OCASIÕES

  Preciso de uns ténis para todas as ocasiões, ou quase todas, é um pensamento que me ocorre, especialmente quando, por não os ter, tenho de usar sapatos de salto, que me fazem sofrer horrores nas ocasiões que a isso obrigam. Tenho ténis de várias formas e cores, mas faltam-me os tais. Aqueles que vês nas páginas de publicidade das revistas de moda, e que pensas que, um dia, se puderes, os vais comprar. É então que na minha última viagem a Lisboa, passo por uma sapataria, e vejo em destaque, exatamente os ténis com que venho a sonhar desde há muito. Paro de imediato, e procuro ler o preço que está num talão muito pequenino, como que meio envergonhado, junto do artigo pelo qual já me apaixonei. Por este preço nem pensar, só se estivesse doida, penso eu, e sigo em frente, apesar de a algum custo. Nos dias seguintes e porque o trajeto me faz passar diariamente pela mesma sapataria, vou vendo que eles continuam no mesmo sítio. Lindos de morrer… penso eu todos os dias. Mas, por aquele preço