Entrei há quase 6 anos para uma família de seis pessoas. Seis pessoas com passados, regras, hábitos, usos e costumes. Seis pessoas pouco flexíveis no seu modo de atuação. Era o que era e assim é. Era assim em tudo: em quem manda, em quem controla o quê e como, em quem toma decisões, em quem tem de obedecer obrigatoriamente e sem se rebelar!
Tomaram como adquirido que também eu me fosse enquadrar e aceitar perfeitamente neste ritmo alucinante do “é assim”! Por vários momentos e por ocasiões muito especiais, olhei ao espelho e fiz o excruciante exercício de pensar: “estou errada?” e qual o meu espanto quando questiono pessoas fora da história e que me elucidaram, disseram: “NÃO!”.
Quando cheguei depois de tudo isto existir ASSIM, também eu própria vinha moldada com passados, regras, hábitos, usos e costumes. Mas igualmente com a minha chegada, houve também um ponto final no que quer que fosse que existisse até então. Coisas como: mais um prato na mesa, mais uma pessoa a ter em conta para os lugares no carro, mais uma prenda, mais um aniversário, tudo a mais para esta nova pessoa que sou eu.
EU. Bem, eu fiz o que achei que deveria ter feito e arrependo-me de não ter feito coisas que devia nas alturas certas. Há quase 6 anos aceitei um papel duro, exigente e nada fácil. Ser alguém que passa a ter cota parte de responsabilidade para com uma criança. Criança que não é minha. E continua a não ser. Integrar este ser no meu percurso de vida e incluí-lo numa vida a dois nem sempre é fácil. Estou muito perto, mas encontro-me suficientemente distante para ver coisas que podem acontecer (e acontecem) e que mais ninguém vê nem prevê.
Atribuo estas características como resultado de vários fatores pertencentes ao meu conjunto de passado, regras, hábitos, usos e costumes. Pela educação com que fui criada, pela área académica que pude escolher, pelas pessoas que fui conhecendo e pelas experiências que vivi.
Ouvi pessoas (não do núcleo das 6) que me diziam: ”só tens de te preocupar contigo”, “não conseguiria estar no teu lugar!”, “não sei como tens força para lutar assim!” e muitos outros comentários. Ora bem, para isto tive sempre resposta e quem me conhece sabe bem do que falo: “ és rápida no gatilho das respostas!”. E como me rio disto!
Caros leitores, deixo-vos uma pergunta retórica e gostava que pensassem sobre isto: as nossas ações são sempre pautadas de responsabilidade, de assumir as vontades dos outros? O que fazemos e dizemos visa sempre o bem dos outros? E quando paramos e analisamos: o que está por trás de ações e das comunicações dos outros?
E quando nos analisamos?
É tão somente isto!
J.M.F.
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