Já muito se tem falado destes dias que vivemos - em confinamento - confesso que tento não me «entregar» muito ao assunto, uma vez que à condição não escapamos. Contudo, dou por mim a sentir-me mal comigo mesma quando (e não são raras as vezes) me queixo por não conseguir cativar suficientemente a minha filha de 9 anos. Pois…uns dirão: «é normal…»; outros «claro que é difícil…» e outros ainda «junta-te ao clube…» mas muitos haverá também que acham que «é só ter imaginação e vontade…»
Tem sido desde o estudo à ginástica, da culinária às lutas de almofadas, das limpezas à guerra de cócegas, da Caminhada Quaresmal a umas caminhadazinhas pelo monte deserto, e sim, sinto-me mal quando me parece que não é suficiente. Porque penso, estão pessoas a dormir em cozinhas, em carros, outras deslocadas para outros sítios para poderem cuidar dos que precisam, há quem agora viva no trabalho, vejo partilhas de mães com dois filhos autistas em casa (a gritar e a espalhar as necessidades que fazem por todo lado) e esses sim a não ser fácil cumprir tarefas com eles. E eu, a queixar-me. Sei também, que não sou a única, e sei também que nos vamos todos lembrar muito destes dias.
Nos outros anos, por esta altura preparavam-se as tradições e não «havia tempo» para fazer as coisas - era uma azáfama entre a vivência religiosa e os preparativos para a «festa»; este ano há Tempo para ter tudo impecável e ao pormenor, e não há Tradições.
Espero ver este ano, com a minha filha os filmes bíblicos desta época que nunca tive «tempo» para ver. Resta-nos a Vivência Pascal, a Religiosa, de maneira diferente mas possível porque basta ACREDITAR.
Odete Cunha
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