«Quando não tenho nada para me preocupar, preocupo-me com isso.»
Sempre considerei este pensamento (de um autor desconhecido) deveras verdadeiro. Ainda hoje, a meio da minha jornada normal de trabalho, ouvi um comentário: “esta gente tem é tempo a mais e pouco em que pensar!”.
Ora, a minha vida sempre foi o que comumente consideramos normal… nasci, cresci, estudei, hoje trabalho, estudo e faço toda a gestão de uma casa onde moram duas pessoas: o meu namorado e eu. Quando olho para o que já vivi e já experienciei em 34 anos (os seguidores dirão se já são 34 ou se ainda são 34 anos!) denoto que pouco tempo livre tive para me dedicar a coisas sem interesse ou que me desviassem do meu foco. Tive algumas doenças de familiares próximos e consequentemente a sua perda, passei por uma crise económica e financeira onde me reergui e me reinventei e ajudei no que pude, sofri um episódio de assédio laboral grave e sério com consequentes perdas e tantos outros acontecimentos que é-me difícil expor em 400 ou 500 palavras.
Hoje, continuo com a mesma força, com a mesma determinação, com a mesma preocupação em tentar fazer tudo nas escassas 24 horas que completam um dia.
E não será a vida isso mesmo? Uma constante luta, um constante procurar de objetivos após o atingimento do anterior, a procura de mais e melhor saber, a procura incessante da manutenção da saúde, a tentativa de conciliar todos os papéis que desempenhamos na sociedade e no meio em que nos inserimos?
Como profissional de saúde mental, não posso dizer que as depressões, as ansiedades e outras perturbações que afetam o normal desenvolvimento do adulto são fruto do excesso de tempo livre e de falta de objetivos em que pensar. Não posso. Recuso-me. Por outro lado, sei que muitas das situações menos boas e das patologias, provêm de pessoas que levam a vida em modo piloto automático e que nada têm na sua vida que as faça querer mais!
Hoje, as minhas preocupações baseiam-se na minha melhoria de vida, numa conclusão de um curso de mestrado, na fugacidade do tempo, na manutenção da minha saúde, na constante preocupação com os que me são mais queridos, na retidão com que tento interagir com todos com quem me cruzo, nos planos do meu futuro, nos projetos de família, no acompanhamento das 6 crianças que tenho à minha volta, nas compras e nas refeições que tenho que preparar…
Afinal, tenho sempre com o que me preocupar, portanto não me preocupo em não ter com o que me preocupar!
27-02-2020 mjsoares
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