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INTERRUPÇÃO NÃO PROGRAMADA

A INEVITABILIDADE (CONCLUSÃO)


Com tanto tempo de dor e de preparação para a sua morte, parece macabro mas já tínhamos decidido que a queríamos bonita no dia do seu funeral (roupa com cor) já que ela gostava de se “produzir” e tínhamos ainda decidido aquela Igreja em que ela gostaria de permanecer antes de nos deixar fisicamente. Tudo se concretizou e no dia 5 de Janeiro,  finalmente descansou em paz.
Eu tive manifestações de amor e carinho, não esperadas. Na véspera do funeral, deslocaram-se do Porto colegas para me confortar e para me fazerem sentir, o quanto estavam comigo. Foi muito marcante perceber o sacrifício dos colegas. Fazerem numa tarde e noite cerca de 700Kms, em homenagem à minha mamã.

No dia seguinte (funeral) tinha pedido ao responsável da agência funerária que no fim da missa, gostaria de me despedir da minha mamã, apenas eu e a minha irmã. Assim foi por uns instantes mas,  a minha mana não aguentou e saiu da capela. Eu continuei. Falei com ela, deixei-a partir em paz e quando levanto os olhos verifico que ao fundo, à porta da igreja, está o Presidente da empresa para a qual trabalho. Meu Deus, ele ali? Pessoa tão ocupada e desloca-se um sábado a Lisboa para o funeral da minha mamã?

No final da dolorosíssima cerimónia, passo pela funerária para pagar. Ficam atónitos. Não é normal (será que há alguma normalidade nestas situações?).

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