Não sei bem dizer a que propósito a frase “Dar tudo, é um bom começo para ficarmos sem nada,” me assalta neste momento e qual a ligação que virá a ser feita com a notícia que estou a ouvir. "Parece irreal".
Sempre fui ouvindo ao longo da minha vida que “quanto mais damos mais temos” e agora deparo-me com esta frase que na minha mente, não para de fazer eco.
O amor incondicional, a dedicação, a disponibilidade, o empenho, a entrega na sua globalidade, vai criando no outro, não um processo de gratidão e reconhecimento, mas sim, uma espécie de enjoo!!! Sem ser preciso dizer muito, reconhece-se que mesmo em modo “mudo”, a simples presença, de alguma forma, chega a incomodar. É estar ao nosso lado, incompleto.
Há momentos que nem sabemos bem o que fazer. Passa-nos pela cabeça, abandonar tudo e desaparecer. Sim, desaparecer sem deixar rasto, para que finalmente a nossa ausência possa começar a ser sentida pela pessoa a quem, sem hesitação, tudo dedicamos. Contudo, não sei bem explicar a razão, voltamos ao modo inicial e achamos que todos estes pensamentos não são mais do que uma grande patetice.
Como poderia eu fazer-te isto, num momento em que tanto necessitas? Sim, necessitas e sabes disso, embora nunca tenhas tido para mim uma palavra de reconhecimento.
Ah, minto! Nestes meses todos, ouvi-te dizer ao telefone, uma vez “isto sem ela, teria sido mais difícil”. Deduzi de imediato, que estariam a falar de mim.
Também estou segura de que se eu decidisse ausentar-me, neste momento, e, se sentisse da tua parte que precisavas de mim, eu viria a correr, sem hesitar, sem pedir explicações e sem cobrar, e então perguntar-me-ia: - De que serviu toda esta situação? De certeza que iria ficar muito zangada comigo própria.
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