Avançar para o conteúdo principal

INTERRUPÇÃO NÃO PROGRAMADA

A NOTÍCIA QUE NINGUÉM QUER OUVIR: A OPERAÇÃO



continuação da publicação anterior

Acabo de deixar-te. Venho ainda muito focada na tua imagem, na tua despedida e na nossa luta que agora se inicia.
Entro no elevador, pergunto a uma das pessoas que lá se encontra se me pode informar onde posso levantar o meu cartão de visitante. Amanhã não quero estar a perder tempo com este tipo de coisas. De imediato alguém se oferece para me indicar o local onde deverei dirigir-me, mas, não é tudo. Uma outra pessoa de imediato se disponibiliza para me acompanhar até lá. Diz-me que lhe aconteceu o mesmo quando veio internar o seu marido. Achou ser esta a forma que tinha de me auxiliar, como lhe tinham feito a ela.
Já é segunda feira. Afinal houve uma alteração na ordem inicialmente prevista para as cirurgias de hoje.
Às 6H30, via WhatsApp, recebo uma foto tua, com a seguinte legenda: “Aqui vou eu. Até logo”.
A minha resposta foi: “Vai com Deus, sempre a proteger-te”.
Não posso dizer que não fiquei muito aflita e ansiosa. Afinal, tinha sido apanhada de surpresa no que toca à hora da tua intervenção cirúrgica e também tinha acordado do meu “sono de vigília”. Praticamente não tinha dormido. Sensivelmente de hora a hora, consultava o meu relógio. A noite parecia não ter fim.
Ainda tentei ligar-te para ouvir a tua voz e dar-te mais força, mas tu já tinhas o telemóvel desligado.
Mais tarde liguei para o Hospital para obter mais detalhes, mas foi-me pedido que voltasse a ligar pelas 12 horas. Aí sim, seguramente já teriam mais informação para me dar.
Não me contive. Tomei o meu banho, arranjei-me e fui para o Hospital. Até às 11H45, pediram-me que aguardasse na sala de espera. Assim fiz. Logo que tive autorização para entrar, corri desenfreada para o elevador que me levaria até ao serviço onde estavas internado.

Continua

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A MINHA VIAGEM AO JAPÃO

Verdade, fui ao Japão. Verdade, aventurei-me a, depois de 2h30 de viagem para Lisboa, meter-me num outro avião para, durante 7h30, fazer Lisboa-Dubai, e ainda noutro para mais 9h30 até Tóquio. Ainda hoje me pergunto como me aventurei a tal, eu que me arrepio sempre que se fala em viagens de avião. Mas fi-lo e ainda bem!   O Japão nunca foi um país que me despertasse grande interesse, logo uma viagem que, não fosse a minha amiga Manuela, provavelmente não teria feito. Por diversas vezes já lhe agradeci e vou sempre agradecer-lhe ter-me ligado, naquele dia, a dizer-me “… vamos?” Mas, se nada é por acaso, é porque agora é que era a altura certa para a fazer, pois a idade já me permitiu uma plenitude que antes não alcançava. Já regressei há vários dias e ainda não “aterrei” no meu quotidiano. Continuo, a cada minuto, a visualizar imagens, paisagens, gestos e atitudes que me levam ao que, agora, considero um outro mundo. Um outro mundo em que é notório o respeito pelo outro, nomead...

A ARTE, A BELEZA E A GRATIDÃO

  Sou frequentadora assídua da Confeitaria Paulista na Maia, onde a D. Elvira e o Sr. Jorge Mendes (proprietários), fazem questão de nos receber de “braços abertos.” Tomo o meu café e pão com manteiga neste maravilhoso espaço. É um local muito familiar. Um espaço onde nos sentimos muito bem!!!  Somos bem recebidos; Bem tratados; Bem-vindos!!! Sentimo-nos em casa. A D. Elvira faz questão de nos fazer sentir únicos. Há uns dias, tive oportunidade de ver uma autêntica obra de arte saída das mãos do proprietário da Confeitaria Paulista. Trata-se da peça cuja fotografia está a ilustrar esta publicação. Ao ter acesso ao dito quadro, acreditem, que senti ARTE, que senti BELEZA e depois de saber a história que o envolve, senti que ali, existia GRATIDÃO.  Ora o Sr. Jorge Mendes, decidiu pôr mãos à obra e fazer este maravilhoso trabalho em pão. Sim, trata-se de pão e não outro material qualquer. Explicou-me as múltiplas e morosas voltas que este trabalho dá, até chegar ao resultado...

A LOUCURA DO MUNDO

  Tinha decidido que hoje escreveria de novo sobre a minha viagem ao Japão, e que vos contaria algumas peripécias dignas de registo humorístico, daquelas que sempre me acontecem e me divertem ao ponto de querer partilhar com outros, e porque me faz feliz. Faz-me feliz fazer aparecer um sorriso no rosto de quem lê os meus textos, um sorriso que muitas vezes anda escondido e tarda em aparecer. No entanto, nem sempre isso é possível, e hoje não pode ser assim. Hoje tenho de partilhar convosco a minha tristeza, a minha revolta, a minha frustração. Desculpem-me mas terá de ser assim. Logo pela manhã, como habitualmente, abri o rádio para me atualizar acerca do que se passa no nosso país e para além dele, e o que fui ouvindo fez-me decidir que não concluiria o meu texto nos termos em que tinha pensado. Não tinha esse direito perante o que estava a ouvir. Se o fizesse era como se também estivesse a assobiar para o lado perante o horror que me descreviam. Apesar de ser uma peça insignifica...