Acabas de me ligar e dizes: Já recebi o
resultado é “carcinoma maligno”. Estou ao volante. Não sei bem o que dizer, nem
o que fazer. Parar será a opção? Continuo a guiar. Na minha cabeça o eco das
tuas palavras, faz-se sentir.
Já não me lembro bem o que te disse no
momento mas sei que te encorajei e que me tentei encorajar a mim própria. Que
safanão acabámos de levar. Estou a tremer. Passa-me tudo pela cabeça ao mesmo
tempo, menos aquilo que supostamente tinha de fazer, antes de tu me ligares.
Esqueci-me do que ia fazer e esqueci-me da direção que teria de tomar.
Perdi-me!!! Andei às voltas. De repente,
decidi parar o carro. Saí e comecei a caminhar.
Dei comigo a pé, de olhos cheios de
lágrimas a calcorrear algumas ruas da cidade. De repente vejo um sinal de
sentido proibido e não é que me esqueço que estou a caminhar e decido ir por
outro lado, já que por ali, não era permitido. Estou sem rumo, estou sem chão.
Eu que tanto tenho andado na vida …. Até que paro e digo para mim:
- Que estás aqui a fazer? Vai já ter com
ele!!!
Quase que de forma automática, entro no
meu carro e dirijo-me para casa.
Encontro-me contigo. Olho-te! Abraçamo-nos.
O nosso abraço é extremamente forte. Não me lembro de abraçar e de ser abraçada
assim. Durante alguns minutos não nos largámos. Depois, ah, depois, olhamo-nos
nos olhos e em silêncio as nossas lágrimas começaram a cair. Se houvesse um
limpa para-brisas para os nossos olhos, isso seria o ideal para aquele momento.
Continua...
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